Na estreia de sua coluna na Folha, Djamila Ribeiro diz que a expectativa ao ocupar o espaço “é mostrar outras Djamilas”. A mestre em filosofia de 38 anos passa a escrever às sextas-feiras para o caderno Ilustrada.
“Para mim é muito gratificante poder falar de temas mais gerais. Eu fiz uma escolha política de falar de filósofas feministas e antirracistas, então muitas vezes as pessoas acham que só falo disso”, diz a escritora nascida em Santos, no litoral paulista.
“Escrever para a Ilustrada abre um campo de possibilidades. Estou feliz por poder falar de literatura, cinema e música, que são coisas das quais eu gosto e que são muito presentes na minha vida.”
Autora de obras como “O que É Lugar de Fala?” e “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?” , ela prepara seu próximo livro, um “pequeno manual antirracista” baseado em Angela Davis, referência máxima do feminismo negro, e inspirado em “Para Educar Crianças Feministas” , de Chimamanda Ngozi Adichie.
“Será uma espécie de livreto, um livro de introdução ao tema, didático e de bolso”, afirma Djamila.
Para ela, é fundamental que haja colunistas mulheres. “Fico feliz em ver que a Folha está se abrindo para essas perspectivas”, diz. As colunas são espaços muito “masculinos e brancos”, afirma a escritora. “Acho importante fazer essa intersecção. O fato de eu ser uma mulher negra joga luz em um novo momento do jornal.”
Djamila diz que faltam oportunidades para que mulheres negras possam mostrar sua produção e pensar o mundo. “Não é apenas que tem que ter mulher, mas é preciso representar a diversidade do nosso povo.”
Para a nova colunista, não é realista acreditar que somente um grupo produza conhecimento. “É preciso olhar em nosso entorno e perceber se a realidade está sendo refletida.”
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