Setentões, Hall e Oates fazem seu primeiro show no Brasil

Dupla americana dos hits Maneater e Out of Touch teve auge nos anos 1980 com sua mistura de pop e soul

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dois homens com guitarra
Daryl Hall and John Oates em um festival de Filadelfia - Stuart M Berg/Divulgção

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É surpreendente constatar que Daryl Hall e John Oates nunca se apresentaram no Brasil. Nos anos 1980, a dupla teve sucesso mundial, e não foi diferente por aqui. Foram protagonistas de tantos clipes na MTV que pouca gente poderia dizer que não conhecia a dupla formada pelo galã loiro e o baixinho de bigode.
O loirão Hall, 72, diz que todas as músicas famosas estarão no show desta terça (11), em São Paulo, na única data brasileira de sua turnê pela América Latina.

“Tocar sucessos nunca foi um problema para nós. Alguns artistas gostam de destacar músicas que acham boas, mas que não tiveram reconhecimento. Nós temos hits e sabemos como eles fazem parte da vida de quem está na plateia. Temos que tocá-los.”

Então fica fácil prever parte do repertório: “Sara Smile”, “Kiss on My List”, “Private Eyes”, “I Can’t Go for That (No Can Do)” e, o maior sucesso de todos, “Maneater”.

“Claro que às vezes ficamos cansados dessa ou daquela canção, então damos uma pausa, ficamos alguns shows sem tocá-la. Mas nunca estivemos em São Paulo antes, acredito que pouca gente teve chance de nos ver fora do país. Então esse público merece o pacote completo.”

Hall e Oates também têm carreiras separadas. Enquanto seu parceiro se envolve em muitos projetos de estúdio, ajudando novos nomes do pop, Hall fez sucesso com o programa na web “Live from Daryl’s House.” Em seu bar e restaurante no estado de Nova York, recebe músicos para conversas e jams.

Sem produzir álbum de inéditas desde 2006, os dois fazem turnês porque gostam. Financeiramente, as coisas vão muito bem. Hall e Oates formam a dupla que mais vendeu discos na história da música pop, com mais de 40 milhões de cópias comercializadas de seus 18 álbuns. Mas seguir tocando sem material novo, repetindo sucessos, não é enfadonho?

“Não, porque não é assim que as pessoas pensam. No decorrer do tempo, tocamos as mesmas músicas mas com mudanças constantes. Gostamos de experimentar. Quem for ao show buscando ouvir as músicas exatamente como elas foram gravadas nos discos vai encontrar surpresas.”

Nos Estados Unidos, as concorridas turnês esporádicas chamam a atenção pela quantidade de jovens na plateia. Em alguns casos, a maior parte da audiência tem idade para ser filho ou neto de Hall ou Oates, 71. Ele não tem uma resposta para compreender o fenômeno.

“Adoro que isso aconteça, mas não sei como uma canção atravessa de uma geração para outra. Talvez porque não façamos concessões no repertório para agradar idades diferentes. Nossas letras são honestas, nossas preferências no pop também. Não mudamos em busca do público, esperamos o público mudar para chegar até nós.”

Hall arrisca que, se lançadas hoje, suas canções fariam sucesso. “Nossa obra é atemporal, acredito nisso. E o que fazemos tem raízes numa música popular americana, misturamos rock, pop e soul. Não inventamos nada, só tentamos fazer o melhor possível.”

O auge da dupla foi nos anos 1980, quando lotaram estádios. Fizeram uma apresentação matadora no Live Aid, em 1985. Mas foram importantes já no anos 1970, quando integraram um pequeno grupo de artistas brancos que alcançaram as rádios dedicadas somente a black music.

“Nós ajudamos a quebrar essa barreira. Bem no começo, algumas pessoas nos ouviam no rádio e pensavam estar escutando uma banda de negros. A dose de soul na nossa receita musical contribui muito”, explica.

Hall parece sincero ao dizer que não sente falta dos shows para grandes massas. “A vida na estrada é fantástica no começo, fazer as coisas pela primeira vez é sempre fascinante. Mas, depois de um tempo, tudo que você faz repetidas vezes perde algum encanto. Na estrada, as partes chatas da coisa pesam cada vez mais.”

A amizade com o parceiro segue inabalável. “Quando começamos, éramos dois moleques contra o mundo, e isso ajuda a criar um vínculo de amizade e carinho muito forte. Eu lembro dos shows do começo, em clubes pequenos, e perceber ali que o que tínhamos era muito forte.”

Hoje, o contato físico está quase restrito aos shows. “Quando você amadurece, acaba enxergando a si mesmo como uma célula individual. Precisamos ter vidas pessoais separadas. No nosso caso, até vidas profissionais separadas em boa parte do tempo. Mas somos como irmãos. Você não precisa ver seu irmão o tempo todo para se sentir sempre próximo dele.”
 

Daryl Hall & John Oates

  • Quando Terça (11), às 21h30
  • Onde Espaço das Américas, r. Tagipuru, 795
  • Preço De R$ 230 a R$ 420
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