Quebrando um hiato de oito anos sem lançar longas-metragens, o diretor paulista Fernando Meirelles, de "Cidade de Deus", voltará ao cinema com "The Two Popes".
O filme, inspirado na transição papal, foi selecionado para o Festival de Toronto, uma das principais mostras cinematográficas do calendário, que acontece em setembro.
A história traz Anthony Hopkins no papel do papa Bento 16, e Jonathan Pryce, de "Game of Thrones", vivendo o papa Francisco. A trama vai narrar os embates entre as duas figuras —o primeiro, conservador, e o segundo, reformador.
"Mais do que o encontro entre duas visões da Igreja, 'The Two Popes' fala de duas visões de mundo opostas", diz o diretor a este repórter. "Como sabemos, a guerra por um ponto de vista e a intolerância com a visão alheia não são exclusividade da Igreja."
Meirelles afirma ainda que é uma obra sobre "superação da intolerância". "Vivemos isso cotidianamente", diz. Seu último longa havia sido o thriller "360", lançado em 2011.
"The Two Popes" é uma produção estrangeira capitaneada pela Netflix. Mas a presença de Meirelles no comando criativo da obra é mais um sinal do prestígio que cineastas brasileiros desfrutam no exterior —por ironia, num momento em que o audiovisual brasileiro entra na mira do presidente Jair Bolsonaro.
Neste ano, os pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles faturaram o prêmio do júri no Festival de Cannes, e o cearense Karim Aïnouz levou o de melhor filme da mostra Um Certo Olhar, no mesmo evento, por "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão".
O Festival de Toronto é tido como a largada para o Oscar, já que muitos dos filmes que estreiam ali acabam depois recebendo indicações ao prêmio hollywoodiano.
Neste ano, alguns dos títulos mais esperados são "The Laundromat", nova produção de Steven Soderbergh, que tem Meryl Streep, Gary Oldman e Antonio Banderas numa trama inspirada no escândalo dos Panama Papers.
Já Tom Hanks protagoniza "A Beautiful Day in the Neighbourhood", sobre o apresentador de programas educativos Fred Rogers, o Mr. Rogers.
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