Descrição de chapéu Flip

Manifestantes se concentram para protesto contra Glenn Greenwald em Paraty

Moradores contra a presença do jornalista americano vêm organizando a manifestação

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Paraty (RJ)

Manifestantes começaram a se concentrar para o protesto contra a presença do jornalista Glenn Greenwald em Paraty, como parte da programação da Flipei, por volta das 16h30. A manifestação deve acontecer na margem esquerda do rio Perequê-Açu, onde está ancorado o barco em que Greenwald fará sua palestra, às 19h.

Ao som do hino nacional, as cerca de 20 pessoas vibravam a cada passagem de veículos equipados com bandeiras do Brasil. Alguns vestiam roupas nas cores verde e amarela, outros ostentavam camisetas com imagens do presidente Jair Bolsonaro. "Treme de medo ao ouvir o hino", gritavam alguns. 

Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em Brasília
Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil,na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Faixas com frases "Somos Todos Sérgio Moro", "Je suis Sergio Moro" e "Fora Glenn Greenwald" também podiam ser vistas nas mãos de membros do protesto. 

Ao serem abordados pela reportagem, dois manifestantes se recusaram a falar. "A Folha de S.Paulo distorce tudo. Pode botar aí que eu vou matar esse americano, eu, cidadão paratiense. Vou meter uma bala nesse cara. Eu sei que você está gravando", ameaçou um deles.

Um grupo de cerca de 60 estudantes de passagem pela praça entoava gritos de "Lula livre", ouvindo em resposta cantos de "a nossa bandeira jamais será vermelha" e "deporta, Glenn".

"Temos inteligência para resolver nossos problemas internos, não precisamos de ninguém de fora", bradou um manifestante ao microfone. "Já chegamos sendo hostilizados, mas não tem problema porque o Lula está preso, babaca", berrava outra.

Cerca de dez motos do Choque pararam para pedir informação sobre a localização da manifestação e da palestra. "Salve a Polícia Militar", saudou um manifestante, ao cumprimentar um oficial.

Na noite de quinta-feira (11), três membros da Cavalaria da Polícia Militar fluminense faziam patrulha no entorno da Flipei. Um dos cabos afirmou que o patrulhamento seguiria sem interrupção “até domingo à noite”, porém o local hoje amanheceu vazio.

Às 14h desta sexta, três oficiais do patrulhamento aquático também da PM manobravam veículo próximo à beira do rio, enquanto outros dois subiam em um jet-ski da corporação. Segundo um dos policiais, a presença do destacamento não teria relação com a manifestação, e seria rotina da Flip.

No mesmo horário, um caminhão com uma faixa com os dizeres “Indignação é coisa nobre! Fora de Paraty Glenn Greenwald” estava estacionado na entrada da cidade. Outra faixa idêntica foi disposta no portal de Paraty, mas em seguida retirada.

A socióloga Sabrina Fernandes, 30, que vai mediar a mesa “Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato”, falou sobre o protesto. “Nessa conjuntura de polarização, é comum que esse tipo de manifestação despolitizada aconteça. As pessoas elegeram o ‘The Intercept’ e o Glenn como inimigos simplesmente porque eles trouxeram à tona elementos e evidências de coisas que a maioria da esquerda já apontava”, avalia.

“Isso significa que existe medo de conhecimento na sociedade. E é aí que mora a preocupação. Uma manifestação contra o Glenn é um sintoma desse medo de conhecimento. E, se eles têm medo, a gente tem que demonstrar coragem”, diz.

Participante da mesa junto com Greenwald, o sociólogo Sergio Amadeu garantiu que a programação do debate não vai se alterar. "Vamos fazer o debate como o planejado. Os neofascistas estão incomodados com a liberdade de imprensa e com o jornalismo investigativo. Vamos continuar defendendo a democracia", resumiu.

A economista Valeria Amorim, 58, moradora do Rio de Janeiro, veio à Flip pela primeira vez, e acompanhava pela manhã algumas das mesas realizadas no mesmo barco. “Minha preocupação é virem com a disposição para criar tumulto. Isso é uma censura, uma atitude mesquinha e que nada tem a ver com o espírito da cidade”, comenta.

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