'Pai obstinado da bossa nova', afirma Libération sobre João Gilberto

Para imprensa internacional, ele foi o maior responsável pela difusão da música popular brasileira no mundo

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São Paulo

Para o jornal Libération, João Gilberto foi o ​​”pai obstinado da bossa nova e cantor legendário”. A publicação francesa, assim como ​os principais jornais internacionais, noticiaram a morte de João Gilberto neste sábado (6), aos 88 anos, no Rio de Janeiro.

O cantor e compositor foi destaque na capa do jornal francês nesta segunda-feira (8). João Gilberto foi descrito como "inventor de um estilo musical que se tornou referência" e dono de uma "musicalidade legendária".

Além de o aclamarem como inventor da bossa nova, as publicações também o apontam como o maior responsável pela difusão da música popular brasileira no cenário internacional.

 

A reportagem do Libération afirma que "o seu canto hipersensível" abriu caminho para Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé e sua "imensa influência" chegou até a lenda do jazz Miles Davis. 

Outro francês, o Le Monde ressaltou a permanência da combinação de jazz e samba que serve de base para a bossa nova nos ritmos contemporâneos, seis décadas após sua invenção. Segundo ele, o gênero "continua presente em tudo que é música, de trilha sonora de elevador às festas rave".

"Em cima do palco, com o pé na cadeira, João Gilberto escreveu importantes capítulos da história da música", afirma a reportagem.​ Para os também franceses do Le Figaro, João Gilberto foi o "embaixador da alma brasileira".

O alemão Der Spiegel lembra que "Garota de Ipanema", cuja letra foi a princípio cantada em português pela então mulher do músico, Astrud Gilberto, foi depois interpretada por artistas do calibre de Frank Sinatra.

O americano The New York Times afirmou que João Gilberto "ajudou a bossa nova a se tornar uma febre mundial".

Também lembrou a canção o britânico The Guardian, que repercutiu comentários de Gal Costa, Ruy Castro e Daniela Mercury sobre a morte. O periódico ainda publicou relato sobre um show de João Gilberto em San Francisco. "Uma apresentação rara em 1998 foi a chance de ver o grande pioneiro musical emergindo do esconderijo", escreveu.

O espanhol El País diz que, mais do que um estilo que ganhou regravações clássicas em todo o mundo, ele rompeu com o estereótipo do Brasil como um "país do samba" e deu nova cara aos ritmos nacionais.

O italiano Corriere della Sera, que descreveu João Gilberto como "o último gênio da bossa nova, estilo que levou a música brasileira para o mundo", recordou sua paixão pelo país —ele conheceu a Itália ainda nos anos 1960, com uma série de shows em Versilia e programas para o canal de televisão Rai. De lá, ele regravou sucessos como "Estate", do compositor Bruno Martino.

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