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Cinema

'Socorro, Virei uma Garota' não é um bom filme, mas não é ruim de se ver

Há algo no gênero de comédias românticas com adolescentes que segura nossa atenção

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Socorro, Virei uma Garota

  • Quando Estreia nesta quinta (22)
  • Elenco Thati Lopes, Manu Gavassi, Victor Lamoglia
  • Produção Brasil, 2019
  • Direção Leandro Neri

Há não muito tempo, dizia-se, a partir de Paulo Emílio Salles Gomes, sobre nossa incapacidade de copiar. Ou seja, na tentativa de imitar os filmes de sucesso de Hollywood, criávamos obras quase sempre deficientes, mas cheias de brasilidade.

Hoje, somos capazes de copiar. E isso não nos faz bem. A primeira sequência de "Socorro, Virei uma Garota!", por exemplo, copia muito bem um comercial de seguro de vida, ou de algum banco. É um horror de tão piegas.

Depois, a coisa ameaça engrenar porque entra num território sempre interessante, o da comédia romântica com adolescentes. Os clichês estão lá, como sempre: o gordinho nerd, o rapaz tímido que num passe de mágica fica bonitão, a garota popular e desejada por todos, o bombado idiota, e sobretudo uma ideia simplória do que é o mundo.

Mas há algo nesse gênero de filme que segura nossa atenção. Os traumas e desejos da adolescência a gente nunca esquece, o que de certa forma faz de filmes que lidam com isso um banquete de atrações, mesmo quando identificamos uma certa pobreza narrativa.

Na trama, Júlio (Victor Lamoglia) é tímido e passa o tempo todo lamentando-se de não conseguir conquistar Milena, por quem se apaixonou. Cabeça (Leo Bahia) é seu melhor amigo e confidente. Numa excursão para Búzios, Júlio é humilhado publicamente, se isola e faz um pedido ao ver uma estrela cadente.

Ele pede para ser a pessoa mais popular do colégio, e consegue (como diz o cartaz publicitário do filme). Só que isso o transforma em Júlia (Thati Lopes), e ele/ela passa a viver uma vida alternativa em que seu pai, outrora um coroa sarado, é desleixado e sofre de problemas crônicos de saúde, seu irmão mais velho é mais bobo ainda que na vida real e seu melhor amigo vive isoladamente.

No meio de algumas lições de moral típicas da visão simplista de mundo que o filme oferece, há boas cenas, como a de Júlia na ginecologista, na qual acontece uma importante revelação.

E também as cenas em que aparece uma personagem que na vida normal já não mais existia (melodrama de respeito nesse momento), além dos poucos momentos de Júlia com Renata, a irmã descolada de Cabeça.

Pode parecer contraditório, mas não é. "Socorro, Virei uma Garota" não é um bom filme. Mas não é ruim de se ver. Nisso, ele está bem de acordo com esse tipo de comédia quando feita em Hollywood.

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