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Cinema

Filme francês só não naufraga por causa de Juliette Binoche

Um exemplo disso está na melhor cena do filme: um quase encontro na estação de Montparnasse

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Quem Você Pensa que Sou

  • Quando Estreia nesta quinta (12)
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Juliette Binoche, Nicole Garcia e François Civil
  • Produção França/Bélgica, 2019
  • Direção Safy Nebbou

Para Claire Millaud (Juliette Binoche), protagonista de “Quem Você Pensa que Sou”, as redes sociais representam a salvação e a perdição.

O usuário fica à deriva no mundo virtual, diz ela. Um dia é caça, no outro, caçador.

Sabemos disso por um diálogo entre ela e a sua psicanalista. É o tipo de fala que estranhamos quando vem de uma atriz inteligente como Binoche. De certo modo, funciona como um aviso.

Dirigido por Safy Nebbou e baseado num romance de Camille Laurens, o filme mostra Claire, professora de meia-idade, perdida virtualmente, conforme ela conta suas aventuras. Ela começa a se comunicar com um fotógrafo e usa um perfil falso, se passando por uma garota de 24 anos.

E pensamos: quando foi que imagens de tela de computador ou smartphone ficaram bem no cinema?

Raramente. Se uma tela de computador raramente fica bem numa de cinema, imaginemos como
fica um filme que depende da comunicação pelas redes sociais. O tédio é inevitável.

Em outra estreia da semana, o maravilhoso “O Fim da Viagem, o Começo de Tudo”, Kiyoshi Kurosawa evitou habilmente essa armadilha. Nebbou se oferece ao engano por inteiro, e com isso só não naufraga mais por causa de Binoche.

“Quem Você Pensa que Sou” também abusa de clichês desgastados. Mostrar um casal transando junto a uma imensa parede de vidro com respingos de chuva é o tipo de clichê que só era aceitável até o final dos anos 1990, e mesmo assim, era mais apropriado aos pornôs light. Há filmes bons com cenas assim? Certamente. Mas são raros.

Nebbou não é iniciante, mas parece inseguro para abandonar a cartilha do cinema contemporâneo, com seus signos e cacoetes. É uma cartilha feita há quase 20 anos. 

Se há um acerto nesta coleção de imagens derivativas em que uma personagem constrói uma rede de mentiras, é a presença de Juliette Binoche, atriz de 55 anos que consegue representar de maneira crível uma jovem de 24 anos quando fica apaixonada. Um exemplo disso está na melhor cena do filme: um quase encontro na estação de Montparnasse.

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