O presidente Jair Bolsonaro (PSL) nomeou Ricardo Braga para assumir a Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania.
Braga substituirá Henrique Pires, que deixou o cargo no final de agosto por não admitir que o governo imponha "filtros" na cultura. A decisão de Pires de sair da secretaria ocorreu pouco depois da suspensão de um edital de projetos LGBT para TVs públicas.
A nomeação de Braga foi publicada, na noite desta quarta-feira (4), em edição extra do Diário Oficial da União.
Procurado, o ministério da Cidadania não soube informar quem é o novo secretário vinculado à pasta.
Interlocutores que acompanham o caso relataram à Folha que a escolha e designação de Ricardo Braga foram feitas diretamente pelo Palácio do Planalto, sem consulta ao ministério comandado por Osmar Terra.
Ao deixar a secretaria de Cultura, Henrique Pires disse à Folha que a suspensão do edital de projetos LGBT foi apenas a "gota d'água" de uma série de tentativas do governo de impor censura a atividades culturais.
Ele disse que há oito meses vinha tentando contornar diversas tentativas de cerceamento à liberdade de expressão.
Segundo o secretário, esses filtros estão se propagando pelo governo e as pessoas estão chamando censura "por outro nome".
"Ficou muito claro que eu estou desafinado com ele [Terra] e com o presidente sobre liberdade de expressão", disse o secretário. "Eu não admito que a cultura possa ter filtros, então, como estou desafinado, saio eu", disse o ex-secretário, à época.
Em entrevista à Folha na terça (3), Bolsonaro afirmou que indicaria um nome de preferência dele caso o ministro Osmar Terra não fizesse a escolha até esta quarta (4).
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