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Renée Zellweger reaparece no papel de Judy Garland com chances de Oscar

No Brasil, 'Judy' tem estreia prevista para 16 de janeiro de 2020

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Los Angeles e São Paulo

Existem filmes que valem por uma performance. Fotografia, cenários, até mesmo roteiro, todo o resto cai para segundo plano.

Este é o caso de “Judy”, em cartaz no exterior e com estreia no Brasil prevista para 16 de janeiro de 2020. É uma dramatização da vida de Judy Garland. Ou melhor, de parte dela: o último ano da atriz e cantora, morta aos 47 anos, quando ela lutava para se manter em pé.

Dirigido pelo britânico Rupert Goold, o longa é uma adaptação da peça “Judy Garland - O Fim do Arco-Íris”. Sucesso da Broadway remontado em vários países, o musical de Peter Quilter chegou inclusive ao Brasil, em 2011, por Charles Möeller e Claudio Botelho, com Claudia Netto no papel principal.

Como no teatro, o filme destaca a temporada de shows que Garland fez no clube londrino The Talk of the Town entre 1968 e 1969. Novos personagens foram acrescentados à trama, e alguns flashbacks mostram como a Judy adolescente foi viciada em anfetaminas a mando de Louis B. Mayer, o chefão da MGM.

 

Mas a maior surpresa da versão para o cinema foi a escalação de Renée Zellweger como a protagonista. A atriz já cantou em diversos filmes e foi indicada ao Oscar pelo musical “Chicago” (ganhou um ano depois, como coadjuvante, por “Cold Mountain”), mas nunca foi uma escolha óbvia.

Anne Hathaway, que chegou a ser anunciada para outro projeto sobre Judy Garland, parecia mais adequada. Tanto pela semelhança física com a biografada como pela extensão vocal, comprovada em filmes como “Os Miseráveis”.

E, no entanto, Zellweger está magnífica. A atriz consegue capturar a cadência da voz, os maneirismos e o gestual da verdadeira Judy, sem se prender à mera imitação. Só em um único momento ela resvala para a expressão que se tornou sua marca: lábios e olhos apertados, como se acabasse de chupar um limão azedo.

 

Zellweger ainda teve a audácia de cantar em todos os números musicais, muitas vezes ao vivo, diante das câmeras. Sua voz, é claro, não é idêntica à da original. Mas revela duas qualidades —fragilidade e persistência— que a própria Judy aprovaria.

Quem não aprovou o filme foram os fãs mais radicais de Judy Garland, além das filhas adultas da estrela, Liza Minnelli e Lorna Luft (ambas aparecem em “Judy”: a primeira como uma jovem adulta, a segunda, ainda criança). Todos reclamam das liberdades factuais tomadas pelo roteiro.

Mas é difícil tornar a história real ainda pior. Aos 46 anos, quatro vezes divorciada e sem condições de criar sozinha os filhos pequenos, Garland não conseguia mais trabalho em Hollywood, por causa de seus problemas com o álcool e as drogas. 

Sua temporada em Londres, por mais triunfal que tenha sido (e isto é registrado em “Judy”), foi seguida
por sua própria morte, menos de seis meses depois.

De acordo com os sites especializados, Renée Zellweger já é a favorita para o próximo Oscar de melhor atriz. Contra ela pesam o fato de já ter sido premiada e os cinco anos em que ficou sem filmar.

Quando ressurgiu em 2014, Zellweger foi massacrada pela imprensa por causa do rosto esticado demais, depois de uma cirurgia plástica. Um segundo Oscar também seria uma maneira de a indústria do entretenimento lhe pedir perdão.

O jornalista viajou a convite do canal Discovery 

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