Descrição de chapéu DeltaFolha

Hits clássicos e improváveis resistem como clichês de Brasil no exterior

'Presente de Natal', de João Gilberto, é ouvida em Portugal; Michel Teló ainda é sucesso na Finlândia e na Dinamarca

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Paris

O funk pode ser a nova música de exportação brasileira, mas nem só de Kevinho e Anitta se faz o imaginário gringo sobre o país. A música do “Brasil com Z” é formada por clássicos e nomes que soam curiosos à primeira vista.

Algumas surpresas que aparecem no levantamento do DeltaFolha, realizado a partir das 200 músicas mais ouvidas no Spotify em 51 países.

A canção “Presente de Natal”, de João Gilberto, por exemplo, é uma das mais ouvidas em Portugal. Michel Teló, com “Ai Se Eu Te Pego”, ainda é sucesso na Finlândia e na Dinamarca. Sérgio Mendes e sua versão de “Mas Que Nada” também tem lugar de destaque nas mais ouvidas da Suécia.

Em festas com temática brasileira espalhadas pelo mundo, não é improvável ouvir o sertanejo chiclete de Teló ou o clássico de Jorge Ben revisto por Mendes. O pianista também entra nessa lista com outra canção —“Magalenha”, gravada em parceria com Carlinhos Brown em 1992.

A faixa conquistou o 14oº lugar entre as mais ouvidas da Espanha em 2004, mas a versão que fez sucesso é um remix do desconhecido trio brasileiro Mendonça de Rio.

Aquele ano, aliás, foi proveitoso para a música eletrônica brasileira, que exportava DJs do drum ‘n’ bass ao
funk, como Marky, Patife e Marlboro. Foi um momento fértil para emplacar faixas de pista que uniam percussão a marcações eletrônicas.

Outro hit daquele ano que ainda perdura é “Samba de Janeiro”. A música usa um sample improvável de “Tombo in 7/4”, composição de Airto Moreira, com percussão genérica e palavras sortidas em português.

Lançada originalmente em 1997, a faixa alçou o grupo alemão Bellini a paradas de sucesso no leste europeu. Eles chegaram a ser tema da Eurocopa 2008 e trilha sonora de games.

O audiovisual, inclusive, é via para resistentes sucessos brasileiros em outros países. Queridinhas até hoje, as canções “Essa Moça Tá Diferente”, de Chico Buarque, e “Lambada”, do Kaoma, foram temas de comerciais de TV na França nos anos 90 —ambos de refrescos com sabores ditos tropicais.

Outra música que ainda povoa o imaginário dos franceses é “Bate Forte o Tambor”, do grupo Carrapicho. Notada pelo ator Patrick Bruel quando ele estava rodando o filme “Le Jaguar”, ambientado na floresta amazônica, a banda é sucesso também na Rússia e na Bélgica.

A lista de músicas identificadas com o Brasil no exterior ainda inclui um gênero há muito conhecido do Brasil.

“Noto que pouco a pouco o forró tem ganhado espaço no meio da música folk na Europa”, diz Thiago Lima, DJ e produtor de festas há mais de dez anos na Europa. “Ele não rivaliza com o samba, mas tem aberto novos caminhos.”

As canções de Luiz Gonzaga e Dominguinhos são das poucas representantes do Brasil em um dos maiores eventos dedicados à música folk na Europa, o Grand Bal de l’Europe. O samba não entra no festival, nem em formato de gafieira.

“Nas ‘festas brasileiras’, cada vez mais ouço e pedem funk”, diz Thiago. “E o samba vem perdendo espaço”.

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