Samba do Trabalhador aponta para o futuro em novo álbum

Grupo de Moacyr Luz apresenta álbum com composições de Zeca Pagodinho e participação de Leci Brandão

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Rio de Janeiro

Em 31 de maio de 2005 aconteceu o primeiro Samba do Trabalhador, roda de título um tanto irônico, pois realizada toda segunda-feira. Havia cerca de cem pessoas no clube Renascença, no Andaraí, zona norte do Rio.

Em julho daquele ano, quando a Folha fez a primeira reportagem publicada na imprensa sobre o evento, já eram 300. Atualmente, o público fica entre 1.200 e 1.500 pessoas.

Prestes a completar 15 anos, o Samba do Trabalhador virou um grupo, hoje com oito integrantes, que toca e canta com Moacyr Luz, idealizador do projeto e que se mantém à frente dele.

“Toca e canta com” pois não apenas acompanha o compositor, como talvez fosse possível dizer no início. A prova disso está em “Fazendo Samba”, quinto CD de Moacyr Luz e Samba do Trabalhador, nome oficial da formação.

O músico Moacyr Luz durante a gravação do DVD "Samba do Trabalhador", no bar Pirajá - Greg Salibian-6.jun.2016/Folhapress

Se, em trabalhos anteriores, quase todas as músicas eram de Luz com parceiros, agora sete das 16 não são. Cinco têm nomes do conjunto entre os autores, casos de Gabriel Cavalcante, Nego Alvaro, Mingo Silva e Alexandre Marmita.

“Estava na hora de isso acontecer. A primeira faixa do disco diz: ‘Novos estão pra chegar/Loucos de inspiração/Eu dou, pra quem quiser seguir, a minha mão’”, destaca Luz, 61, referindo-se a “Loucos de Inspiração”, parceria com Wanderley Monteiro.

“Moacyr é muito generoso e está querendo que o Samba do Trabalhador tenha vida autoral independentemente dele”, diz Gabriel Cavalcante, 34, que tem no CD a sua (com Roberto Didio) “Segunda-feira”, sobre a roda.

É uma das músicas do repertório que têm o samba como tema, algo comum no gênero. A faixa-título, “Fazendo Samba”, é de Luz e Zeca Pagodinho, que já transformou em sucesso composições do amigo (com parceiros) como “Vida da Minha Vida”, “Toda Hora” e “Cabô, Meu Pai”.

A letra de Zeca tem um quê autobiográfico: “Agora vejo meu nome pra todo lado/ Era pra dar tudo errado...”.

Luz e o Samba do Trabalhador já conquistaram três troféus do Prêmio da Música Brasileira: um de melhor CD, dois de melhor grupo. Alguns dos sambas chegam ao estúdio depois de serem muito testados no Renascença. 

O público que escuta é variado: gente que quer namorar, gente famosa —na segunda-feira passada (13) apareceram Camila Pitanga e Gregorio Duvivier, também colunista da Folha— e gente que faz jus à tradição do clube, referência para a cultura e a militância afro-brasileira.

Não por acaso, foram incluídas no novo álbum “Sorriso Negro” (Adilson Barbado, Jair e Jorge da Portela), uma das marcas registradas de Dona Ivone Lara e que aqui ganha a participação especial de Leci Brandão, e “O Ronco da Cuíca”, samba antiditadura feito pela dupla João Bosco/Aldir Blanc e que tem a voz e o violão de Bosco ao lado do Samba do Trabalhador.

“Eu queria homenagear o João e o Aldir, meu parceiro querido, e ‘O Ronco’ tem essa pegada política que faz sentido hoje”, explica Luz.

Há muitos anos sem mostrar algo inédito, a dupla Luz/Blanc ressurge com “Camunga”, homenagem ao flautista Cláudio Camunguelo (1947-2007), célebre figura das rodas de samba cariocas.

Também há parcerias de Luz com Xande de Pilares, Sereno (do Fundo de Quintal), Roberto Didio e Toninho Geraes. Esta última é “A Cara do Brasil”, interpretada por Roberta Sá e pelo grupo.

Fazendo Samba

  • Preço R$ 36,15; e nas plataformas digitais
  • Autoria Moacyr Luz e Samba do Trabalhador
  • Gravadora Biscoito Fino
 
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