Maior conglomerado de feiras de arte do planeta, a Art Basel enviou a galeristas, nesta segunda (27), um comunicado em que diz não ter certeza sobre a realização das feiras previstas este ano.
No final de março, semanas depois de a Organização Mundial da Saúde classificar de pandemia o surto da Covid-19 no mundo, a organização tinha anunciado que adiaria a Art Basel, sua feira mais antiga, em Basileia, na Suíça, de junho para setembro.
Agora, diante da evolução da pandemia, eles começam a preparar o terreno para a possibilidade de que nem a Art Basel, nem a Art Basel Miami Beach, programada para dezembro no balneário americano, aconteçam este ano.
Nesse sentido, a nota parece tentar acalmar os ânimos dos galeristas, com instruções sobre os próximos passos.
Dos pontos listados pela organização, o mais importante é o aviso de que, caso as feiras não aconteçam por motivo de força maior, todos os estabelecimentos participantes terão suas taxas de inscrição reembolsadas.
A atitude contrasta, por exemplo, com a da brasileira SP-Arte, que anunciou que só devolveria um terço do valor que os espaços tinham investido no evento por ora –os outros dois terços seriam usados para pagar a montagem do evento, em curso quando as medidas de distanciamento social foram decretadas em São Paulo e para adiantar a inscrição na feira do ano que vem.
A Art Basel ainda anunciou que, mesmo com o cancelamento das feiras, eles abrirão um espaço virtual em junho para as galerias que participariam da Art Basel exibirem e negociarem trabalhos, sem custo. A estratégia foi usada na Art Basel Hong Kong deste ano, uma das primeiras suspensas por causa do coronavírus. Depois, a ideia é que o recurso seja mantido pelo resto do ano.
Por fim, o conglomerado anunciou que os 25% do valor investido em Hong Kong que tinham sido retidos poderão ser usados pelas galerias em qualquer uma de suas feiras no futuro. E que estudam novas formas de cortar custos, de modo a baratear encargos para estabelecimentos parceiros.
O comunicado revela uma das facetas do mercado de arte que mais deve sofrer com a crise do coronavírus –o circuito global de feiras que vinha se estabelecendo na última década, responsável por 45% de todo o faturamento do setor, segundo relatório da própria Art Basel publicado em março.
Além da proibição de aglomerações de público ser um problema óbvio para as feiras, outros fatores, como a instabilidade do setor aéreo e o valor alto de inscrição em eventos do tipo, cobrado em dólares, tem levado galerias a repensarem a quantidade de feiras de que participam anualmente.
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