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Descubra o que é fato e o que é invenção na série 'Hollywood', da Netflix

Ernie foi um cafetão na vida real, e teve Cole Porter entre os clientes, mas a carreira de Anna May Wong nunca vingou

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São Paulo

Como tantas outras obras de ficção lançadas nos últimos tempos, "Hollywood", série de Ryan Murphy e Ian Brennan para a Netflix, reimagina o passado.

Desta vez, o alvo é a era de ouro da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Graças aos roteiristas, a época do pós-guerra ali se torna muito mais diversa e muito menos Wasp, para usar sigla que designa americanos brancos e protestantes, do que de fato foi. Veja, abaixo, o que é fato e o que é ficção na série. E avisamos –há muitos spoilers.

Ernie é baseado num cafetão da vida real, e Cole Porter foi seu cliente

O personagem de Dylan McDermott é inspirado em Scotty Bowers, um fuzileiro naval que se mudou para Hollywood depois da Segunda Guerra e chamou os colegas da Marinha para trabalhar como garotos de programa num posto de gasolina. Um de seus clientes foi de fato Cole Porter, segundo a sua autobiografia –na série, o letrista e compositor é interpretado por Darren Richardson.

Os estúdios Ace parecem muito com os da Paramount

Os debates e a visão progressiva da produtora e distribuidora que existe na série não têm correspondentes na história de nenhum dos maiores estúdios hollywoodianos. Mas o portão em que os figurantes se amontoam à espera de uma oportunidade é real e pertence à Paramount. Alguns filmes que são lançados pela Ace na ficção também são da mesma companhia.

Rock Hudson demorou 37 anos a mais para sair do armário

O Rock Hudson de "Hollywood" é bem parecido com o Rock Hudson da vida real, ao menos nos anos 1940: desastrado, nervoso e um péssimo ator. Mas, fora da ficção, ele só se assumiu gay em 1985, quando não podia mais esconder que estava com Aids –bem depois de 1948, como a série mostra.

Henry Willson morreu infeliz e com vícios em drogas

O personagem de Jim Parsons –o Sheldon de "Big Bang Theory"– é bem parecido com seu correspondente real, um jornalista que, transformado em agente, passou boa parte da carreira transformando atores em estrelas com nomes histrionicamente masculinos e transando com muitos clientes no caminho. As ligações com a máfia também são verdadeiras, ao que tudo indica.

Mas enquanto o Wilson ficcional a certa altura toma jeito, o Wilson verdadeiro nunca assumiu sua homossexualidade, teve problemas com vícios em drogas e álcool e morreu em 1978.

A carreira da primeira estrela asiática de Hollywood não vingou

A sino-americana Anna May Wong existiu, mas sua carreira foi bem menos bem-sucedida do que a de sua versão da série.

Ela conseguiu seu primeiro papel como protagonista aos 17 anos, mas costumava cair sempre em papéis estereotipados de vilão, de asiáticas assassinas e traidoras. Suas opções ficaram ainda mais restristas quando, em 1930, Hollywood adotou uma série de regras de autocensura, entre elas o código Hays, que proibia casais miscigenados em cena. Acabou limitada aos castings de filmes B. Wong morreu aos 56 anos, de um ataque cardíaco.

Hattie McDaniel entrou na cerimônia do Oscar de 1940, mas foi excluída do 'after'

A primeira mulher negra a ganhar um Oscar –pela empregada doméstica Mammy, de "E o Vento Levou"– vira uma espécie de mentora da personagem de Laura Harrier, Camille Washington. Na série, McDaniel, vivida por Queen Latifah, conta à jovem atriz que teve de discutir com dois seguranças para entrar na cerimônia da premiação à qual tinha sido indicada.

Na verdade, o produtor do filme, um dos maiores da época, David O. Selznick, tinha reservado um lugar para ela, seu acompanhante e seu agente no salão, uma mesa separada do resto do elenco, lá no fundo. O grupo também foi excluído da celebração do elenco depois da cerimônia, que foi para uma boate restrita a brancos.

'A Luz é para Todos', e não 'Meg', dominou o Oscar de 1948

A cerimônia do Oscar de 1948 retratada na série foi bem diferente na vida real –pudera, dado que em "Hollywood", "Meg", filme sobre uma atriz negra, ganha ao menos seis estatuetas. Na verdade, o maior ganhador da noite foi "A Luz é para Todos", de Elia Kazan, que levou as categorias de melhor filme, melhor diretor e melhor atriz coadjuvante (para Celeste Holm).

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