Fotos autografadas por nomes como Charles Chaplin vão a leilão no Brasil

Imagens raras são do estúdio da revista Cinearte, com acervo que nunca tinha sido aberto ao público

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Rio de Janeiro

Difícil imaginar algo mais chique do que, nos anos 1920, receber uma foto autografada das mãos de Charles Chaplin, endereçada a você. Ou, nos anos 1960, fazer parte de um júri com o alemão Fritz Lang e ganhar uma fotografia dele filmando “Metropolis”, de 1927, com dedicatória igualmente para você.

Essas são só duas de milhares de imagens reunidas por Adhemar Gonzaga, editor da revista Cinearte no Rio de Janeiro de um século atrás e criador do estúdio Cinédia há 90 anos. Em suas viagens para Hollywood na década de 1920, ele recebia muitas dessas fotos após entrevistas com astros, caso de Charles Chaplin.

Já Fritz Lang conheceu Gonzaga quando veio ao Brasil, em 1965, para prestigiar o primeiro Festival Internacional do Filme, em Copacabana. Um dos vencedores do evento foi “Help”, com os Beatles.

Seu arquivo, iniciado em 1914, nunca foi aberto ao público. Mas um leilão no final deste mês, vai pôr à venda pela primeira vez algumas dessas peças raríssimas. Serão leiloadas 437 fotografias autografadas, com datas a partir de 1901 e preços que começarão abaixo de R$ 1.000. As mais caras –os lances iniciais, pelo menos– chegam a R$ 11 mil –Chaplin– ou 12 mil –Lang.

“Não, não estou chateada de me desfazer de nenhuma das fotos”, conta Alice Gonzaga, escritora, pesquisadora, produtora, diretora e empresária do ramo cinematográfico, além de filha de Adhemar. Aos 85 anos, ela conta que ajudou o pai desde os seis anos de idade e conhece o arquivo da Cinédia de trás para a frente.

Marlene Dietrich, Walt Disney, Pola Negri, Gary Cooper, Ava Gardner e Shirley Temple são alguns dos outros nomes que terão fotografias e autógrafos leiloados. “Quem sabe mais para a frente a gente faz leilões temáticos só com divas, ou só de caubóis, por exemplo”, ela diz.

“Precisamos de dinheiro para manter o material. Para começar, temos que reformar a casa de 1888 que nosso arquivo ocupa, na Glória. Minha maior preocupação ali é com água”, diz ela, que já arrumou o telhado uma vez.

Esse arquivo não se restringe ao cinema hollywoodiano. Há uma enorme parte relativa ao cinema brasileiro da primeira metade do século 20. A Cinédia produziu 56 filmes e um de seus primeiros lançamentos, em 1931, foi o mítico “Limite”, de Mario Peixoto.

“Mas a parte nacional é intocável”, declara Alice. Até hoje o arquivo se manteve vendendo o direito das fotos e de trechos de seus filmes para publicidade, documentários ou meios de comunicação.

“Você diz o que quer, eu tenho”, garante ela. “Dorival Caymmi? Temos cenas raríssimas dele tocando violão e andando na praia nos anos 1940. Cenas do Rio de Janeiro em 1935? Temos. E por aí vai.”

O leilão da Cinédia vai acontecer de forma online ou por telefone, em dois dias, 24 e 25 de agosto.

Interessados podem agendar uma visita ao Escritório de Arte Soraia Cals para ver as fotos pessoalmente, entre os dias 19 e 23. No dia 19 entra no ar, no site, o catálogo do leilão, com descrição de cada uma das 437 fotos.

Nos dias do leilão, cada fotografia será exibida e leiloada em cerca de um ou dois minutos.

Aos interessados, Soraia Cals sugere que se cadastrem pelo site ou por telefone pelo menos um dia antes do evento. Os pagamentos serão feitos via transferência bancária e será cobrada uma comissão de leiloeiros de 5%.

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