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Cinema

Quem gosta da vida em sociedade está feliz com a volta dos cinemas

Finalmente as portas de ferro do Petra Belas Artes subiram, após quase sete meses fechadas

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André Sturm

Presidente do Belas Artes Grupo, é ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo (jan.17 a jan.19)

Finalmente! Neste sábado (10), às 14h40, as portas de ferro do Petra Belas Artes subiram, após quase sete meses fechadas.

Um grupo de cinéfilos já aguardava ansioso para entrar e voltar ao escurinho da sala de cinema. Foram 32 na primeira sessão, a pré-estréia de "Apocalypse Now – Final Cut". Algumas pessoas aplaudiram, outras estavam emocionadas. Várias fotografavam seus ingressos, com certeza para mostrar aos amigos.

A equipe, que mesmo com o fechamento foi quase totalmente mantida, estava aliviada e feliz com a volta ao trabalho. Alguns até choraram de emoção. Nesta última semana os dias foram de preparação. Treinamento da equipe para os procedimentos de segurança, chegada de equipamentos, testes, uma programação pensada com muito carinho.

Enfim, dias de trabalho para poder abrir a casa no sábado e oferecer novamente o melhor do cinema com todos os cuidados necessários.

A primeira mudança foi a tela de acrílico na bilheteria, funcionários, além de dar boas vindas, mediam a temperatura dos clientes, pediam que mantivessem distanciamento na fila e indicavam os diversos pontos com álcool em gel.

Como não se sabia com antecedência quando os cinemas abririam, não havia estreias previstas. Preparamos uma programação de clássicos, filmes queridos e algumas pré-estreias para quem quisesse voltar logo ao cinema. Muitos cinemas não abriram, mas nós queríamos mostrar ao público que o cinema estava de volta. E, aos poucos, trazer as pessoas.

Durante a pandemia nós criamos um drive-in, no Memorial da América Latina, que foi grande sucesso. Lançamos um serviço de streaming, com o nome do cinema. Mas nada substitui a ida à sala —alguns podem dizer que não, mas quem ama cinema de verdade sabe que é lá que você compartilha sua sessão com várias outras pessoas, uma experiência coletiva, e eu considero esta experiência um ato civilizatório.

No escuro, você vai rir, chorar, se emocionar no mesmo ambiente que outras pessoas que não conhece. E, quando acende a luz, vê pessoas tão diferentes, que tiveram este momento em comum com você. É uma das melhores formas de combater qualquer tipo de preconceito.

O mesmo se dá no teatro, no concerto, enfim, no compartilhamento de experiências culturais. Você pode assistir a quase qualquer filme em sua casa, eu faço isso com frequência, mas como com o futebol. Sem número de partidas ao vivo na TV. Mas quem já foi a um estádio sabe que, mesmo com todo o perrengue, é uma emoção única.

Com as artes também. Ir ao cinema é uma experiência muito diferente de assistir em sua casa. Algumas pessoas não gostam mais. Preferem uma experiência mais controlada, asséptica, isolada. Sem seres humanos por perto com seus defeitos e ruídos. Para elas o streaming foi uma libertação do convívio social. Ótimo. Fiquem em casa. Nós, que gostamos da vida em sociedade, estamos felizes e emocionados com o retorno dos cinemas. E aguardamos ansiosos a volta dos teatros, shows, balés, festas e tudo o mais que faz o mundo quente, sujo, barulhento e, claro, vivo!

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