“Hitman 3” é um jogo de contradições. O personagem principal é um frio assassino de aluguel que tenta desmantelar uma conspiração global, mas seus alvos podem ser eliminados com tons de humor.
O jogador tem à sua disposição um vasto arsenal de revólveres, metralhadoras e bombas, mas é convidado a completar a maioria das fases sem dar nem um tiro sequer. E, mesmo não tendo um modo multiplayer online, seu principal problema é causado pela instabilidade dos servidores.
Lançado no último dia 20, o título fecha a trilogia “World of Assassination” e mantém os pontos fortes dos seus antecessores, que ajudaram a revitalizar para uma nova geração a franquia que fez sucesso no início dos anos 2000 —ao mesmo tempo em que recuperava fãs nostálgicos.
Assim como em “Hitman”, de 2016, e “Hitman 2”, de 2018, os cenários das missões são complexos, cheios de níveis, passagens secretas e áreas escondidas. O jogador tem liberdade para escolher que caminho trilhar e qual estratégia usar para alcançar o seu objetivo —matar um ou mais alvos predeterminados.
Ainda que seja possível sair atirando e matando todos os que cruzarem o seu caminho para completar a missão, não é isso que o game propõe.
A ideia é que o jogador no papel do Agente 47 analise meticulosamente o ambiente para se infiltrar numa área fortemente vigiada e, da forma mais furtiva possível e sem fazer vítimas adicionais, assassine seu alvo, algumas vezes com métodos hilários —“Hitman” é uma franquia conhecida por ter jogos sérios que não se levam a sério.
As missões podem ser cumpridas seguindo enredo predefinido pelo game, nas chamadas “mission stories”, ou de forma bem livre. Mais que a habilidade com um controle na mão, são premiadas a estratégia, a capacidade de improviso e a paciência do jogador.
A campanha principal conta com seis cenários inéditos —sendo que um deles é mais linear e destoa sensivelmente dos restantes. O número de fases não é grande e é possível terminar a campanha principal em menos de dez horas, apesar de não ser a melhor forma de desfrutar do jogo.
Não é o enredo —confuso e pouco coerente— o ponto forte de “Hitman 3”. Seu melhor lado aparece ao explorar repetidas vezes os cenários, descobrindo formas diferentes de realizar os assassinatos, completando desafios opcionais e desvendando as várias histórias paralelas que se desenvolvem em cada fase —essas sim, muito mais criativas e interessantes.
Ainda assim, a estrutura de jogo pode parecer repetitiva para quem está experimentando a franquia pela primeira vez. Para ampliar o leque de opções, é possível comprar acesso aos cenários dos dois primeiros títulos da trilogia, aumentando em 15 o número de fases do game.
Entre os cenários de “Hitman 3”, se destaca o de Dartmoor, em que o jogador é convidado a deixar por um momento o papel de assassino e assumir o de detetive para desvendar o mistério por trás da morte de um dos donos de uma mansão no interior da Inglaterra, ao melhor estilo das histórias de Sherlock Holmes ou de Agatha Christie.
O ponto negativo fica por conta da instabilidade dos servidores da IO Interactive. Como o game atualiza seu progresso constantemente pela internet, quedas repentinas na rede ou nos servidores da desenvolvedora —problema que foi muito comum nos primeiros dias após o lançamento— fazem o jogo parar repentinamente, quebrando a imersão.
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