Em “Minari - Em Busca da Felicidade” estamos longe da saga dos imigrantes miseráveis que chegam aos Estados Unidos. Jacob Yi é, antes, um apaixonado pelas virtudes do modo de vida americano e, sobretudo, da possibilidade que tem de subir na vida com um negócio próprio.
Como era de se prever, nem tudo sai conforme o esperado. Por exemplo, há que encontrar água. Um profissional se dispõe a encontrar poços, mas isso tem um preço. Jacob prefere, ele próprio, cavoucar a terra e encontrar a água.
Serão muitos os problemas que Jacob terá de encarar, de tufões à insatisfação da mulher, da saúde do filho à chegada da sogra, dos resultados minguados ao desaparecimento da água. Como estamos numa história sem grandes emoções, o roteiro prevê uma revoada de viradas para substituir o habitual crescendo.
Se tais viradas não tornam o filme mais emocionante, em todo caso o povoam. De repente entra em cena um crente amalucado, que aos domingos costuma carregar uma cruz nas costas. Ele será o braço direito de Jacob, o que cria certa tensão, na medida em que podemos sempre temer que ele vá aprontar algo que redundará em prejuízo irrecuperável para nosso fazendeiro.
Na verdade, este é um filme de mão dupla. Ao mesmo tempo em que elogia o homem que vem de fora para fazer a América e de algum modo contribui para sua grandeza, faz o resgate de valores bem americanos —o individualismo, a ambição, a possibilidade de vencer graças a um trabalho insano.
O roteirista e diretor Lee Isaac Cheung parece não acreditar muito nessa história, o que faz de “Minari” um filme meio desanimado e até certo ponto desanimador, na medida em que não sentimos nem mesmo à intenção de fugir do estritamente convencional.
O otimismo incurável de Jacob, Monica que briga com o marido que a leva para esse fim de mundo, a sogra que ora salva a situação, ora apronta —o que pode nos surpreender, o que pode nos aproximar dessa saga?
América, terra de oportunidades. O mito em que Jacob tanto acredita ecoa na Academia de Hollywood.
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