Descrição de chapéu Onde se fala português

Conheça 12 fotógrafos do mundo lusófono

Angola, Brasil, Moçambique e Portugal são alguns dos países que têm produções fotográficas potentes

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Daniela Moura Keiny Andrade
São Paulo

O patrimônio cultural lusófono está representado não somente pela língua compartilhada, mas também por imagens. Os fotógrafos destacados abaixo, de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, nos convidam a conhecer essa produção contemporânea.

Portugal

Ângela Berlinde (@angelaberlinde)

Nascida no Porto, a artista e curadora de fotografia constantemente faz pontes entre Brasil e Portugal em seus trabalhos e é cofundadora do Encontros da Imagem, evento realizado em Braga, além de membro da curadoria do Museu da Fotografia de Fortaleza.

Em 2020, lançou o fotolivro “TRANSA, Baladas do Último Sol”, que revisita o mito de Iracema, personagem indígena do romance de José de Alencar. A partir da junção da fotografia com outras linguagens, como a literatura, as histórias em quadrinhos e o cinema, a obra ficcionaliza os processos de colonização que entrelaçam os dois países. O livro acompanha poema de Ailton Krenak, escritor e líder indígena.

Pauliana Valente Pimentel

Nascida em Lisboa, fundou em 2016 o N’WE Collective, grupo de artistas de países de língua portuguesa que desenvolve trabalhos fotográficos e em vídeo com abordagem documental.

Seu primeiro fotolivro, "VOL I", publicado pela editora Pierre von Kleist, registra os relacionamentos e a boemia a partir de uma visão íntima. "Quel Pedra" (2018), sua terceira publicação, foi fruto da residência artística realizada no Festival Internacional de Fotografia de Cabo Verde, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, e aborda a transgeneridade na comunidade de Mindelo, na ilha de São Vicente, uma das que compõem o arquipélago de Cabo Verde.

Tito Mouraz (titomouraz.com/pt)

Graduou-se em artes visuais e fotografia na Escola Superior Artística do Porto em 2010. Em 2013, ano em que foi vencedor do Prêmio Internacional de Fotografia Emergentes DST, fez parte da publicação coletiva “Rua da Cabine - Lapa do Lobo”, com outros fotógrafos portugueses, como José Bacelar e Ângela Berlinde.

Seu fotolivro “A Casa das Sete Senhoras" trata de uma história autobiográfica a partir de narrativas orais na região da Beira Alta em torno de uma casa supostamente assombrada onde teriam vivido sete bruxas.

Recentemente publicou “Fluvial”, no qual aborda a sociedade contemporânea portuguesa e sua relação com a natureza.

Angola

Kiluanji Kia Henda (@kiluanjikiahenda)

Nascido em Luanda, o artista utiliza a fotografia para criar performances e instalações. Em 2018, participou da terceira edição do Valongo - Festival Internacional da Imagem, em Santos, com a série “Nos Dias de um Safári Sombrio”. Neste trabalho, fantasia uma África pré-colonial, explorando a artificialidade dos dioramas do Museu Nacional de História Natural, em Luanda.

A partir da sátira e do jogo entre realidade e ficção, suas obras questionam narrativas hegemônicas sobre Angola. É o que ocorre em “Poderosa de Bom Jesus”, em que se apropria da estética da fotografia documental etnográfica e reflete sobre o que seria a imagem de uma mulher com uma vestimenta étnica tradicional. Na imagem, um clichê do período colonial, um amigo do artista, Poderosa, é o protagonista, que acrescenta ao traje sapatos de salto alto.

Jessé Manuel (@jessartes)

É fotógrafo e engenheiro civil. Por meio da fotografia retrata experiências de viagem e, principalmente, paisagens naturais e urbanas de Angola. "A fotografia é o resumo detalhado da minha vida, faz-me sentir e ver a vida com a profundidade que preciso, para me manter são”, diz. Contribui ativamente para a página @viewsofangola, dedicada a divulgar as paisagens, a vida e a cultura do país.

Keyezua (keyezuavision.tumblr.com)

Artista nascida em Angola, graduou-se na Academia Real de Artes de Haia, na Holanda. Utiliza a fotografia para criar performances centradas no corpo e na identidade negra. Seu processo criativo, diz ela, parte de experiências íntimas, como a perda do pai ainda quando criança, e reflexões sociais. Para Keyezua, a arte é uma forma de questionamento, educação e empoderamento.

Brasil

Caroline Lima (carolinelima.co/)

Formada em arquitetura e urbanismo, é especialista em retratos e busca, em suas obras, fazer com que as pessoas se sintam protagonistas de suas próprias histórias. Dedica-se a trabalhos autorais e editoriais de revistas de moda e comportamento. Os trabalhos retratam artistas como os cantores Liniker, Anitta e Emicida. Nascida em Salvador, hoje vive em São Paulo. Assinou capas de diversas publicações como Marie Claire, GQ e Glamour e campanhas de marcas como Nike e Gillette.

Gabriela Portilho (@gabiportilho)

Nascida em São Paulo, é jornalista formada pela USP e fotógrafa com bacharelado em história da arte e fotografia pela Université Lumière de Lyon, na França. Atua com questões ligadas a memória, cultura e religião em comunidades da América do Sul.

Faz parte do coletivo latino-americano Ruda e é uma das cofundadoras do Doroteia, grupo brasileiro focado em histórias protagonizadas por mulheres. Também é membro da Native Agency e do coletivo Women Photograph. Atualmente, é colaboradora de veículos nacionais e internacionais como os jornais The New York Times e El País e as revistas The New Yorker e Wallpaper.

A partir da fotografia, investiga a relação dos seres humanos com religiões e mitologias, como em “Waranã”, sobre a relação do povo Sateré-Mawé, auto-intitulados “filhos do guaraná”, com o fruto a partir do qual produzem a bebida sagrada Sakpó.

André Penteado (andrepenteado.com)

Formado em administração pela FGV-SP, venceu em 2013 o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger com o trabalho “O Suicídio de Meu Pai”. Em 2015, publicou pela Editora Madalena o fotolivro "Cabanagem", primeiro da série “Rastros, Traços e Vestígios”, que aborda questões histórico-políticas do Brasil. Da mesma série, o fotógrafo já lançou “Missão Francesa” e “Farroupilha.”

Nayara Jinknss

Nascida em Ananindeua, cidade vizinha de Belém, é formada em artes visuais pela Unama (Universidade da Amazônia). Ainda na época da faculdade, começou a realizar oficinas de fotografia com mulheres trabalhadoras do mercado Ver-o-Peso, a maior feira livre da América Latina. Desde então, consolidou-se como educadora social e fotógrafa e fez do Ver-o-Peso seu principal personagem.

Jinknss constrói suas narrativas em busca do rompimento com estereótipos construídos sobre grupos e territórios. Integra o coletivo de fotógrafas Mamana, é ativista LGBTQIA+ e tem explorado a colagem como uma outra forma de expressão visual a partir da fotografia.

Moçambique​​

Amilton Neves (@amiltonnevesfotografia)

Nascido em Maputo, é fotógrafo, com formação em antropologia. Estudou fotografia na Sooke Photography School, no Canadá, no Nuku Studio, em Gana, e na International Urban Photography Summer School da Goldsmiths University, em Londres. Aborda questões sociais contemporâneas, focadas em grupos e indivíduos que se encontram à margem da sociedade.

Em “Madrinhas de Guerra” (2018), conta a história das mulheres moçambicanas que participaram no Movimento Nacional Feminino, entre 1961 e 1974, patrocinadas pelo governo de Portugal para dar apoio moral aos soldados que lutavam na linha de frente durante a Guerra de Independência de Moçambique.

Já no trabalho "Salinas", documenta a rotina e as condições dos trabalhadores das refinarias de sal. Vencedor de prêmios como o Palm Springs Photo Festival Portfolio Prize (2018), pela série "Madrinhas de Guerra", também colabora com a Cruz Vermelha e as Nações Unidas.

Mario Macilau (@mariomacilau)

Fotógrafo moçambicano autodidata, realiza trabalhos a longo prazo nos quais investe tempo para conhecer seus personagens e suas histórias. Foi finalista do BESPhoto 2011 e do Hasselblad Award, dois importantes prêmios de fotografia europeus.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmava incorretamente que a cidade de Mindelo está localizada no norte de Portugal. Na verdade, a cidade se localiza na ilha de São Vicente, no arquipélago de Cabo Verde. O texto foi corrigido.​

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