O cartunista Otacílio Costa d’Assunção Barros, mais conhecido como Ota, uma das maiores referências do humor —e do terror— nos quadrinhos brasileiros, foi encontrado morto nesta sexta-feira em seu apartamento no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro.
Como vizinhos não conseguiam entrar em contato com ele havia cinco dias, conforme apurou o jornal O Globo, foram chamados os bombeiros. Quando a porta do apartamento foi arrombada, encontraram o artista, que possivelmente estava morto havia algum tempo.
Célebre por seu trabalho ao longo de 34 anos na versão brasileira da revista humorística americana Mad, Ota também editou a publicação de terror Spektro, a partir de 1977, até o fechamento da editora Vecchi, em 1983.
Fabiane Langona, que publica tirinhas diárias neste jornal, comenta a perda desse que ela considerava um mestre. "O Ota sempre foi uma inspiração para mim desde criança. Foi o cartunista com o qual eu aprendi que se podia escrever muito e desenhar pouco e ser engraçado da mesma forma. Foi um privilégio muito grande tê-lo como meu primeiro editor, e ele foi, justamente, o maior e o melhor editor de humor e terror que o Brasil já conheceu."
Langona se lembra ainda das vezes em que, quando saíam juntos, Ota mentia para garçons, dizendo que ela era uma filha perdida que ele teve quando esteve de passagem por Porto Alegre nos anos 1980. "Como ele, também sou canhota e temos um traço com alguma similaridade", lembra ela. "Ele era um padrinho, de que eu sempre cuidava, mesmo a distância. Sabatinava as namoradas, mandava tomar banho, coisas do tipo. Eu estou muito arrasada."
"Se a gente analisar, grande parte da produção de quadrinhos nacionais a partir dos anos 1970 foi editada por ele mesmo, no tempo da Record, da Ebal [Editora Brasil-América Latina]. É um cara que faz parte da história dos quadrinhos brasileiros tanto quanto autor, como editor. Uma figura insubstituível", conclui.
Ota também publicou o livro "O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro" em 1984, no qual analisou e firmou o reconhecimento dos chamados "catecismos", sob o pseudônimo de Alcides Caminha.
Entre seus prêmios, ganhou o Troféu HQ Mix em 1994 de melhor revista independente pela Revista do Ota, que só teve uma edição. Já em 2005, no Jornal do Brasil, o ilustrador assinou uma coluna sobre quadrinhos e, no ano seguinte, passou a publicar a tira Concursino para o jornal Folha Dirigida.
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