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Cinema

'Downton Abbey' ganha 2º filme, mais leve, em que o tempo é o vilão

Depois de sucesso meteórico da série e do primeiro longa, não deve faltar assunto para que obra se torne uma franquia

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Downton Abbey: Uma Nova Era

  • Quando Estreia nesta quinta (28)
  • Onde Nos cinemas
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Michelle Dockery, Hugh Bonneville e Maggie Smith
  • Produção Reino Unido, 2022
  • Direção Simon Curtis

No final de 2019, o filme "Downton Abbey" pareceu ser a conclusão definitiva da série de TV do mesmo nome, que durou seis temporadas e amealhou fãs no mundo inteiro. Todos os personagens tiveram seus destinos encaminhados; o roteirista Julian Fellowes não deixou nenhuma ponta solta.

Aí aconteceu o inesperado. O longa se transformou num grande sucesso, faturando quase US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) só nas bilheterias americanas, uma cifra digna dos blockbusters da Marvel.

cena de filme
Allen Leech e Tuppence Middleton em cena de 'Downton Abbey: Uma Nova Era' - Ben Blackall/Divulgação

A inevitável continuação estreia esta semana no Brasil. "Downton Abbey: Uma Nova Era" se passa em algum momento do final da década de 1920, mas antes do crash da bolsa de valores de Nova York. A aristocrática família Crawley segue sua vida suntuosa sem maiores aporrinhações, no castelo em que vive no norte da Inglaterra.

Duas novidades simultâneas abalam o tranquilo cotidiano de patrões e empregados. Lady Violet Crawley, a impagável matriarca vivida por Maggie Smith, anuncia a seus filhos e netos que herdou uma vila no sul da França, à beira-mar. O presente lhe foi deixado por um marquês, com quem ela teve uma misteriosa ligação quando ainda era solteira.

A segunda notícia divide ainda mais as opiniões: uma produtora de cinema quer usar o castelo como locação para um filme. Lord Robert, o filho mais velho da condessa, interpretado por Hugh Bonneville, não esconde seu desprezo pelo que ele chama de "cronofotografia" e "kinema", deixando bem claro que nunca fez algo tão vulgar como ir ao cinema. Mas sua filha Mary, papel de Michelle Dockery, é quem administra a propriedade, e ela decide que os valores pagos pela produtora servirão para consertar os telhados cheios de goteiras.

Existe aí uma contradição que passa quase batida —como que uma família de nobres decadentes, que não tem dinheiro sequer para tapar goteiras, aceita sem piscar uma vila no sul da França, que custa anualmente uma pequena fortuna em impostos e manutenção? E não, ninguém falou em vender a vila. Todos a querem como casa de verão.

A partir daí, este "Dowonton Abbey 2" se divide em dois filmes distintos, que correm em paralelo. Parte dos Crawley zarpa para a Riviera francesa, para conhecer a nova possessão e –quem sabe– entrar em litígio com a viúva do marquês, que contesta o testamento do marido.

Enquanto isto, Mary e sua avó continuam em Downton, para supervisionar as filmagens e garantir que ninguém irá arranhar os assoalhos do palácio. A jovem empregada Daisy, feita por Sophie McShera, mal contém a excitação de conhecer pessoalmente a estrela Myrna Dalgleish, papel de Laura Haddock.

Evidentemente, nem tudo corre sobre carretéis. Uma descoberta na vila faz com que Robert questione sua própria linhagem. Já as filmagens são quase canceladas quando os produtores decidem que não vale mais a pena rodar filmes mudos, pois os recém-lançados sonoros são a nova sensação.

Mas estamos num mundo idealizado, onde a luta de classes praticamente inexiste. Tampouco há problemas que não possam ser superados com uma xícara de chá bem forte.


O primeiro longa se fragmentava em inúmeras subtramas, na tentativa de dar pelo menos uma cena de impacto a cada um dos personagens. Desta vez, Julian Fellowes optou por apenas dois plots centrais, e mesmo assim conseguiu fazer com que quase todo o elenco tivesse uma chance de brilhar.

"Downton Abbey: Uma Nova Era" logra a façanha de ser, ao mesmo tempo, mais leve e mais profundo do que seu antecessor. O desfecho é dramático, mas não inesperado. Esse equilíbrio delicado pode ser atribuído, em parte, ao toque do diretor Simon Curtis, de "Sete Dias com Marilyn" e "A Dama Dourada".

No final, fica claro que o verdadeiro protagonista –e também o vilão– é a passagem do tempo, com todas as mudanças que ela acarreta. Isto significa que "Downton Abbey" ainda pode ter uma longa sobrevida, pois assunto não vai faltar. Os fãs podem comemorar: agora eles também têm sua própria franquia, tão escapista e reconfortante quanto a de qualquer super-herói.

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