Sebastião Salgado vem ao Brasil para debates com indígenas abertos ao público

Eventos gratuitos fazem parte da programação de 'Amazônia', mostra do artista no Sesc Pompeia, em São Paulo

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São Paulo

O Sesc Pompeia inaugura na próxima terça (19) um ciclo de debates com Sebastião Salgado, lideranças indígenas e especialistas em questões dos povos indígenas como parte da exposição do fotógrafo brasileiro sobre a Amazônia, em cartaz no centro cultural agora.

Salgado, que mora na França, já tinha a intenção de trazer algumas dessas lideranças para a abertura da mostra, em janeiro —mas os números da Covid-19 aumentaram no país na época por causa da ômicron. Em função da pandemia, a exposição acabou não sendo aberta primeiro no Brasil e passou antes por Londres, Paris e Roma.

Imagem aérea de rio serpenteado, em preto e branco
Vista aérea do rio Jutaí, no Amazonas, em 2017 - Sebastião Salgado/Divulgação

Entre terça e quinta, três debates serão mediados por Leão Serva, jornalista e diretor de jornalismo da TV Cultura, com nomes como Davi Kopenawa, autor de "A Queda do Céu", e Francisco Piyako, liderança do povo ashaninka que já foi assessor da presidência da Funai. Os encontros são gratuitos e também serão transmitidos no canal do YouTube do Sesc Pompeia.

Serva explica que as lideranças convidadas estão relacionadas às etnias que o fotógrafo retratou em suas expedições —foram mais de 60 viagens num período de sete anos. "Há o ensejo de dar um depoimento da situação atual das agressões ao meio ambiente e à Amazônia", conta ele.

O jornalista, aliás, gravou depoimentos de alguns dos indígenas retratados por Salgado sobre a situação de cada um dos territórios. Os vídeos, que estão na mostra, foram filmados entre 2019 e o começo de 2020, mas muitas das questões trazidas por eles mudaram nos últimos tempos.

"Os yanomamis foram muito afetados pela pandemia, inclusive porque o governo federal desmobilizou toda a estrutura da Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena]", afirma o jornalista.

As fotografias que estão na exposição do Sesc Pompeia, organizada por Lélia Wanick Salgado, já foram publicadas numa série de reportagens sobre as expedições de Salgado neste jornal, que acompanhou o contato do fotógrafo com as aldeias.

Além do ciclo de debate e de um segundo evento com exibições de filmes de cineastas indígenas ou sobre questões de povos originários, a semana terá ainda um concerto na Sala São Paulo, retomando composições de Villa-Lobos e Philip Glass para a floresta amazônica, na sexta-feira (22), às 20h. Os ingressos ficam disponíveis para compra a partir desta segunda (18) no site da instituição.

Todos os eventos comemoram os 30 anos da homologação da terra indígena yanomami, tema da mesa de abertura das três conversas.​

Além da intensa programação paulistana, Salgado assina uma segunda exposição, em Paris, chamada "Aqua Mater", com série de imagens que abordam os recursos hídricos.

Veja abaixo a programação completa de debates.

Comemoração dos 30 anos da demarcação da terra yanomami
O fotógrafo debate as três décadas de reconhecimento do território e sobre a atual situação dos indígenas lá, que ainda sofrem com invasão de garimpo e desmatamento, com Davi Kopenawa, escritor e liderança política, Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami e também uma liderança na comunidade, e Marcos Wesley, antropólogo que coordena o programa Rio Negro do Instituto Sócio Ambiental, o ISA.
Terça (19), às 20h, no teatro do Sesc Pompeia. Retirada de ingressos com 1h de antecedência


A situação das terras indígenas no Acre
Biraci Brasil, cacique do povo yawanawa, Francisco Piyako, liderança dos ashaninka que já foi assessor da presidência da Funai, e Watito Piyako, também liderança, falam sobre como estão os conflitos nas terras indígenas no estado hoje.
Quarta (20), às 20h, na área de convivência da unidade


A situação de populações indígenas isoladas e de recente contato
Sebastião Salgado conversa sobre como estão essas populações com Beto Marubo, indígena que compõe a direção da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari e integra o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, Sydney Possuelo, indigenista e especializado no assunto, e Tiago Moreira, antropólogo do ISA.
Quinta (21), às 18h, na área de convivência da unidade

SEBASTIÃO SALGADO - AMAZÔNIA

  • Quando Até 10 de julho. Ter. a sáb.: 10h às 21h. Dom. e feriado: 10h às 18h
  • Onde Sesc Pompeia – r. Clélia, 93, Pompeia, SP
  • Preço Gratuito
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