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Coleção Folha explora como a tinta barroca de Caravaggio mudou a pintura moderna

Mais do que a ligação com a Contrarreforma, pintor italiano trouxe inovações formais e temáticas para as artes

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São Paulo

"Entre Luzes e Sombras", nono volume da Coleção Folha Grandes Pintores, explica por que Caravaggio não é o último artista do Renascimento, mas o primeiro da era moderna. "Sem ele, a arte de Delacroix, Courbet e Manet teria sido profundamente diferente", afirma o historiador de arte italiano Roberto Longhi.

Em análises que abordam desde pinturas iniciais até a última tela documentada, a coleção passa dos elementos que caracterizam seu primeiro estilo —enquadramento fechado, figuras em meio corpo, fundo neutro e paleta clara— ao intenso claro-escuro que se tornaria a principal marca do pintor.

'Cabeça de Medusa', quadro do artista Caravaggio - Divulgação

Com uma técnica original, descoberta por meio de radiografias, o artista pintava diretamente sobre a tela, sem estudos nem desenhos preparatórios. Outro aspecto inovador em sua obra era a forma como Caravaggio misturava gêneros, com óleos que incluíam naturezas-mortas e retratos.

Já a única natureza-morta pintada por ele sem presença humana traz vários tipos de frutas com grande realismo —elas contêm buracos de bicho, manchas e folhas murchas. O artista acreditava que representar objetos exigia tanto trabalho e cuidado quanto representar figuras, o que contrariava o pensamento clássico de que a pintura histórica, com personagens, era superior a todas as outras.

O livro da coleção enfatiza também como o pintor se dedica, durante sua trajetória, a cenas recorrentes, entre elas, a cabeça decepada. É como ele retrata a Medusa, por exemplo, que era tradicionalmente representada em armaduras e escudos. Além de "Cabeça de Medusa", datada entre 1595 e 1598, o motivo aparece em "Davi com a Cabeça de Golias", realizada por volta de 1600, e "Salomé Recebe a Cabeça de São João Batista", de 1610.

Com grandes encomendas públicas a partir de 1599 e várias obras ligadas à Contrarreforma e ao jubileu de 1600, a reputação de Caravaggio era tanta que nem mesmo as brigas, os processos de difamação e o porte ilegal de armas, que o levavam à cadeia com frequência, conseguiam prejudicar sua trajetória.

Em 1606, no entanto, ele foi obrigado a deixar Roma depois de ferir fatalmente o procurador e mercenário Ranuccio Tomassoni. Mas, mesmo condenado à morte, vagando entre Nápoles e as ilhas de Malta e Sicília, Caravaggio não deixa de pintar. As telas desta época, como "A Flagelação de Cristo", de 1607, renunciam a um brilhantismo e tendem ao monocromático, com formas mais esboçadas e menos precisas.

Quando o artista decidiu retornar a Roma, foi detido por engano em Palo, o que fez com que perdesse a sua embarcação. Ele decide então seguir a pé pelo litoral, mas morre em 18 de julho de 1610 sem saber que o papa o perdoaria dias depois.

Apesar de não ter ateliê nem aluno, artistas da França, da Holanda, de Flandres e da Espanha se apropriaram da estética de Caravaggio e disseminaram sua arte. Dentre seus seguidores, há desde o conterrâneo Gentileschi, que, por causa de sua iluminação límpida, se tornaria um dos divulgadores de uma versão suave do caravagismo, até Ribera, que pegou emprestada a harmonia cromática do italiano para acentuar elementos naturalistas e os volumes na tela.


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Coleção completa: R$ 687; lote avulso (com seis volumes): R$ 134,70

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