Relembre bordões de Jô Soares, morto há um ano, de 'beijo do gordo' a 'bota ponta, Telê'

Humorista tinha 84 anos e gostava de criar frases marcantes tanto nos programas ficcionais como em entrevistas

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São Paulo

O artista, humorista e apresentador Jô Soares criou dezenas de bordões para uma variedade de personagens. Das sátiras aos militares às piadas com pessoas LGBTQIA+, havia para todos os gostos.

A morte do humorista, aos 84, completou um ano neste sábado. Na ocasião, a informação foi confirmada pela ex-mulher do artista, Flavia Pedras Soares, nas redes sociais.

Jô Soares em seu apartamento, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, em 2019
Jô Soares em seu apartamento, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, em 2019 - Bruno Santos/Folhapress

A passagem de José Eugênio Soares dos programas de humor para os talk shows aconteceu no fim da década de 1980 com o Jô Soares Onze e Meia e culminou no Programa do Jô, que foi exibido pela TV Globo por 16 anos. Mesmo em entrevistas, o apresentador manteve o hábito de criar e reproduzir bordões. Veja alguns dos mais famosos.

'E pensar que eu saí de dentro dela'

Na década de 1980, a personagem Bô Francineide, uma atriz de pornochanchada interpretada por Jô Soares, apresentou ao público do programa "Viva o Gordo" a frase que dizia em todos os esquetes à mãe, interpretada por Henriqueta Brieba, espanhola radicada no Brasil.

'Bota ponta, Telê'

Outro importante personagem de Jô Soares foi o Zé da Galera, um personagem cuja função era tentar convencer Telê Santana, que foi técnico da seleção brasileira de futebol na década de 1980, a pôr um ponta no time. "Bota ponta, Telê", dizia agarrado a um orelhão e com um palito na boca. O time de Telê na Copa do Mundo realizada na Espanha em 1982 não tinha um ponta direito.

'Quem me mandou aqui foi o Gandola'

Gandola é uma espécie de manta, algo como um blusão, usado por militares. Nos últimos anos da ditadura, já na década de 1980, o personagem interpretado por Jô Soares criticava o uso da influência militar na vida civil para conquistar cargos e empregos. O personagem, que ficou conhecido como Gandola, procurava trabalho e, para facilitar sua busca, entregava aos patrões um cartão e dizia ter sido enviado pelo Gandola, um militar. O quadro foi censurado e deixou de existir um ano e meio após estrear.

'Você não quer que eu volte'

O personagem Sebá, codinome Pierre, era o autoproclamado "último exilado". Sebá, interpretado por Jô Soares, vivia na França, mas queria voltar ao Brasil. A frase, icônica, respondia às notícias ruins compartilhadas por sua companheira, Madalena.

'Ah, eu quero aplaudir'

Um personagem tão atual quanto brasileiro. Zé era um operário que escutava atentamente seu colega ler as notícias nos jornais. Após ouvir todas as notícias ruins, indignado, Zé finalizava os esquetes com seu bordão e aplaudia, de fato.

'Muy amigo'

Gardelón era um argentino que topava qualquer coisa para ganhar algum dinheiro. A cada esquete recebia uma proposta diferente, era um quebra-galho, e ouvia sempre que a proposta foi feita a ele por ser um amigo, ao que respondia com ironia "muy amigo".

'Angela Nuremberg, ao vivo, quase morta'

O bordão da repórter Angela Nuremberg, personagem inspirada na jornalista Angela Lindenberg, abria e encerrava o esquete. A jornalista fictícia fazia a cobertura de tragédias, sempre reclamando.

'Me tira o tubo'

Mais um general. Este sofreu um acidente no dia da posse de João Figueiredo, o último presidente da ditadura militar. O general acorda do coma anos mais tarde, durante um governo civil e, ao descobrir como o Brasil mudou, pede para que o seu médico e a enfermeira removam o tubo que o liga aos equipamentos do hospital. "Eles botaram um civil na presidência? Me tira o tubo. Eu não aguento isso."

'É o meu jeitinho'

Rochinha era um homem tímido que causava inveja em outros homens por namorar uma mulher considerada bonita. Era constantemente questionado sobre o que a namorada havia visto nele. Após suspense, respondia com seu bordão "é o meu jeitinho".

'Cala boca, Batista'

Jô Soares interpretou Irmão Carmelo, que nunca deixava Batista, que também atuava na igreja, opinar. A todo momento, Carmelo mandava Batista se calar e apenas fazer o que havia sido pedido.

'Não querendo interromper, mas já interrompendo'

Era comum ouvir Jô Soares interromper um entrevistado se desculpando pela interrupção. O bordão apareceu com frequência ao longo dos 16 anos de duração do Programa do Jô, exibido pela TV Globo.

'Beijo do gordo'

Talvez o grande bordão de Jô Soares tenha sido "beijo do gordo". Durante a carreira como humorista, Jô tomou para si o apelido de gordo. Ao fim de cada edição do Programa do Jô, o humorista e apresentador levava a mão à boca e encerrava com "beijo do gordo".

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