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Prêmio Camões 2022 vai para Silviano Santiago, crítico e autor de 'Machado'

Escritor mineiro foi laureado com a principal distinção literária da língua portuguesa

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São Paulo

O escritor e crítico literário mineiro Silviano Santiago, de 86 anos, é o vencedor do Prêmio Camões deste ano, considerada a mais alta distinção da língua portuguesa.

silviano santiago em frente a estante, de braços cruzados
O escritor e crítico mineiro Silviano Santiago, vencedor do Camões - Simone Marinho - 16.jun.2014/Agência O Globo

Ao longo de uma carreira de mais de meio século de pesquisa e criação, Santiago foi laureado com diversos prêmios Jabuti, entre eles o de livro do ano por "Machado", sua ficcionalização de seis anos atrás sobre os últimos anos de vida do Bruxo do Cosme Velho.

Romancear autores do cânone é algo como uma especialidade de Santiago, que teve seu "Em Liberdade", também vencedor do Jabuti e protagonizado por Graciliano Ramos, reeditado há pouco pela Companhia das Letras. Já "Viagem ao México" gira em torno do francês Antonin Artaud.

Também fazem parte do corpo literário do autor livros de temática LGBT, como "Stella Manhattan", sobre as aventuras de uma mulher trans protegida de um alto coronel na cidade de Nova York, e "Mil Rosas Roubadas", ganhador do Prêmio Oceanos, que toca na homossexualidade ao estilo romance de formação.

A Companhia foi responsável por lançar o romance mais recente de Santiago, "Menino sem Passado", primeira parte de um relato autobiográfico de fôlego planejado pelo escritor mineiro —e prepara para o ano que vem uma antologia de ensaios que inclui um texto sobre Lúcio Cardoso publicado neste jornal.

Mas o escritor, prolífico, também tem publicado obras relevantes de crítica literária pela pernambucana Cepe Editora, os mais recentes sendo "Fisiologia da Composição" e "Uma Literatura nos Trópicos", reedição ampliada de uma obra de 1979.

Além de escritor premiado, Santiago fez carreira em universidades de ponta, hoje ostentando título de professor emérito da Universidade Federal Fluminense. Firmou-se como referência absoluta em estudos de literatura brasileira contemporânea, versado em desde Machado de Assis até Carlos Drummond de Andrade, conterrâneo com quem conviveu.

Após obter doutorado em letras na Universidade Sorbonne, em 1968 —estudando nomes como André Gide, Jean-Paul Sartre e Jacques Derrida— o intelectual deu uma guinada em direção à literatura brasileira e portuguesa para se habilitar a ensinar em instituições como as americanas Stanford e Yale e a Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro.

Santiago pertence à Academia Mineira de Letras e postulou, há alguns meses, a cadeira que pertencia a Lygia Fagundes Telles —outra vencedora do Camões, morta em abril— na Academia Brasileira de Letras.

Mas ele retirou a candidatura pouco tempo depois, culpando uma "decisão de foro íntimo" e dizendo se sentir "desestimulado e triste" em sua idade avançada.

O Camões, conferido a escritores e intelectuais lusófonos desde 1988, costuma revezar entre autores brasileiros, portugueses e de outros países. No ano passado, a vencedora foi a moçambicana Paulina Chiziane, primeira mulher africana premiada, e no anterior foi o professor português Vitor Aguiar e Silva.

O último brasileiro a receber a distinção antes de Santiago foi o compositor e romancista Chico Buarque, em 2019, e antes dele venceram nomes como Raduan Nassar, Dalton Trevisan e Rubem Fonseca.

O prêmio é concedido pela Fundação Biblioteca Nacional, ligada ao governo brasileiro, e pela Secretaria de Cultura de Portugal, contando com jurados de ambos os países e de representantes de nações lusófonas da África.

Nesta edição, o júri foi composto por Jorge Alves de Lima, Raúl César Gouveia Fernandes, Abel Barros Baptista, Ana Maria Martinho, Inocência Mata e Teresa Maria Alfredo Manjate.

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