Conheça Gustave Caillebotte, que pintava a nudez e desafiava a arte do século 19

Novo volume da Coleção Folha apresenta artista francês que transitava entre o realismo e o naturalismo

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São Paulo

Em "Elogio da Vida Moderna", 28o volume da Coleção Folha Grandes Pintores, o francês Gustave Caillebotte é apresentado como um artista que transita entre o realismo e o naturalismo. Para além de representar a realidade sem idealizações, o pintor procurava mostrar a natureza tal qual um cientista que busca ultrapassar as aparências.

Não à toa, Caillebotte adorava composições e pontos de vista incomuns. Em "Frutas Expostas em Um Estande", trabalho realizado entre 1881 e 1882, o enquadramento fechado das frutas resultam em um motivo ousado, no qual formas e cores se misturam e as pinceladas evocam a suculência das frutas.

Pessoas observam uma obra de Gustave Caillebotte no Louvre Abu Dhabi
Pessoas observam uma obra de Gustave Caillebotte no Louvre Abu Dhabi - Ryan Lim/AFP

Quando o artista retrata "Os Raspadores de Assoalho", em 1875, pouco lhe importa a mensagem política ou social. O que quer é uma representação precisa do proletariado urbano e é essa atitude que o coloca entre os artistas naturalistas de maior destaque.

A obra foi recusada no Salão de 1875 em razão do "tema vulgar" e da crueza do seu realismo, uma rejeição que fez Caillebotte aderir rapidamente ao movimento impressionista.

Trabalhando com um realismo incomum, o pintor também desafia sua época ao representar a nudez masculina em "Homem Enxugando a Perna", já que a temática era frequente em cenas mitológicas e idealizadas, mas não em momentos cotidianos como o que aparece na tela.

Em relação ao espaço urbano, é Caillebotte quem melhor transcreve a Paris do século 20 e o plano do prefeito Georges Haussmann, que interferiu na fisionomia da cidade. Em "Rua de Paris, Dia Chuvoso", o pintor recorre a um tema banal, mas eminentemente moderno. As figuras, que se cruzam sem se entreolhar, simbolizam o anonimato urbano e prenunciam, de algum modo, a arte do americano Edward Hopper cerca de 30 anos depois.

Pelo menor destaque em relação aos colegas impressionistas, muitos se referem a Caillebotte como "o esquecido" do movimento. "Embora as injustiças literárias e artísticas não tenham mais o dom de me comover, continuo surpreso com o silêncio que a imprensa mantém em relação a tal pintor", escreveu Joris-Karl Huysmans, grande admirador do artista.

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