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'O Enfermeiro da Noite' retrata serial killer real sem uma gota de sangue

Filme disponível na Netflix tem performance impecável de Eddie Redmayne como assassino que atuou em hospitais

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O Enfermeiro da Noite

  • Onde Disponível na Netflix
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Eddie Redmayne, Jessica Chastain e Noah Emmerich
  • Produção Estados Unidos, 2022
  • Direção Tobias Lindholm

Este não é um filme comum, apesar dos vários elementos que andam em voga no audiovisual, como, por exemplo, ser baseado em um caso real, de um serial killer educado e de boa aparência que quase passou ileso porque seus crimes revelavam falhas profundas na sociedade.

O ator escolhido para o papel desse ser hediondo é bonito, simpático e aparentemente inofensivo, é o britânico Eddie Redmayne, da série "Animais Fantásticos", que venceu o Oscar por sua interpretação do físico Stephen Hawking em "A Teoria de Tudo", de 2015.

Fotografia colorida de Eddie Redmayne e Jessica Chastain sentados em ambiente hospitalar, de costas para um armário de medicamentos.
Eddie Redmayne e Jessica Chastain em cena do filme 'O Enfermeiro da Noite', da Netflix - Divulgação

Ao lado de Jessica Chastain, que ganhou o Oscar deste ano por "Os Olhos de Tammy Faye" —fato que pouca gente se lembra, já que foi nessa cerimônia que Will Smith deu uma bofetada na cara de Chris Rock, no palco—, Redmayne faz uma interpretação contida, detalhada e intrigante do enfermeiro Charlie Cullen.

Recém-contratado para trabalhar nos turnos da noite no mesmo hospital do estado americano de Nova Jersey que Amy, papel de Chastain, uma enfermeira carinhosa com os pacientes mas exacerbada pela vida pessoal, Charlie se torna seu melhor amigo e confidente.

Amy passa os dias com as duas filhas pequenas, que cria sozinha, e as noites no plantão, tentando não deixar que nenhum colega perceba sua falta de ar quase constante. Ela sofre de um problema cardíaco que demanda cirurgia, o que só poderá fazer quando completar um ano de serviço e tiver acesso ao plano de saúde. Faltam quatro meses para isso acontecer quando ela conhece Charlie, que descobre o problema e garante a ela que vai ajudar com tudo o que for preciso.

Charlie e Amy ficam tão próximos que parecem quase irmãos, de tão conectados. Pegam carona um com o outro, saem para comer juntos no fim da noite, trocam confidências, contam segredos e fazem piadas de si mesmos.

Além disso, têm tipos físicos muito parecidos, a pele clara, o corpo esguio, o sorriso inocente. E o mesmo jeito calmo e elegante de falar e de exercer suas funções e até problemas pessoais semelhantes —Charlie também tem duas filhas pequenas, que a ex-mulher quase não o deixa ver.

A chegada dele à vida dela parece a melhor notícia possível. Enfim há alguém no seu time torcendo pela vitória, o que, para Amy, é a própria vida. Mas, um dia, chegando ao trabalho, descobre que uma paciente que não corria grandes riscos, internada por causa de um problema de pele, de quem se despediu com esperança na manhã anterior, morreu durante o dia. Ou, no jargão hospitalar, feito sob medida para evitar humanizar demais os clientes, "expirou".

Pouco tempo depois, uma moça novinha, vítima de um acidente de carro que provocou ferimentos leves e que chegou ao hospital com o marido e o bebê de seis meses, teve o mesmo fim.

Inconformada, Amy checa os resultados dos últimos exames das duas mulheres e descobre uma quantidade fora do normal de insulina no corpo de ambas, e a única explicação possível é que alguém tenha injetado o hormônio de propósito na corrente sanguínea delas. Mas como? Por que? E quem?

"O Enfermeiro da Noite" é a estreia em inglês do excelente cineasta dinamarquês Tobias Lindholm, dos ótimos "A Caça", de 2012, e "Druk – Mais Uma Rodada", de 2020, os dois com Mads Mikkelsen. E traz consigo o que parece ser a marca fundamental desse criador, que é contar uma história tenebrosa a partir de cenas tão simples, tão mundanas, que fazem com que a trama vá se engendrando na tela de maneira quase imperceptível.

De uma hora para outra, os elementos estão todos na história —a suspeita de Amy, a investigação policial, o histórico suspeito de Charlie, que passou por nove hospitais, foi demitido de todos e nenhum deles dá informações sobre o caso e as mortes, que continuam acontecendo.

Os executivos do hospital onde ele e Amy trabalham parecem estranhamente avessos a ajudar na investigação. Ao contrário, dificultam tudo o que podem no trabalho da polícia, e chegam ao ponto de impedir que os dois investigadores responsáveis pelo caso entrem no prédio.

Não há nenhuma pegadinha na trama, não há falso suspeito, não há susto e não há cenas explícitas. Mas, por outro lado, também não há flagrante. Nem provas. O único modo dos investigadores pegarem Charlie é o próprio confessar. E tanto eles quanto Amy sabem que a enfermeira é a pessoa com melhores chances de fazer isso acontecer.

A história é real, foi revelada em 2003, quando o enfermeiro se declarou culpado pela morte de 40 pacientes em 16 anos de carreira. Depois de preso, no entanto, confessou que o número de mortos poderia ser dez vezes maior. Ganhou o apelido de Anjo da Morte.

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