Pop de Jessie Ware ilumina Primavera Sound, após show fofo do Japanese Breakfast

Caroline Polachek também foi uma das artistas que provaram que em festivais indie também há gente querendo dançar

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São Paulo

Foi tocando um gongo gigante que a banda Japanese Breakfast surgiu no palco Beck’s do Primavera Sound, em São Paulo. É a primeira vez que o grupo americano vem à América do Sul.

Este foi um dos shows que tentou iluminar o line-up do festival, marcado pela tristeza cantada por Phoebe Bridgers e Mitski e as canções dramáticas de Björk. "Be Sweet", o maior sucesso da banda, agitou a plateia logo na segunda faixa da setlist.

Jessie Ware no Primavera Sound - Adriano Vizoni/Folhapress

A vocalista Michelle Zauner refletia essa alegria no seu look. Ela homenageou o Brasil com um delineado verde e amarelo, que combinava com sua camiseta e a guitarra de tons amarelados.

A banda diminuiu o ritmo com "Kokomo, IN", mas não entediou quem via —o show embalou o público com calmaria e tranquilidade. A apresentação aconteceu na hora certa, diziam pessoas na plateia, justamente quando o sol ameaçava se pôr, num dos períodos mais contemplativos do dia.

Foi um show linear, fofo e sereno, diferente do feito por Jessie Ware, que subiu no mesmo palco duas horas depois, pontualmente, às 19h35. O show da britânica foi elegante, classudo e cheio de referências à música disco dos anos 1970 —é o estilo do seu último álbum, "What’s Your Pleasure?", lançado em 2020.

Ware abriu com "Spotlight" e emendou em "Ooh La La", ambas de seu álbum mais recente. Ela vestia uma espécie de camisa superbrilhante e luvas pretas.

A britânica fez carão, soltou o vozeirão e arriscou passinhos parada no mesmo lugar. Em "Step Into My Life", dançou com uma bola de boliche prateada, emulando os globos de luz usados em discotecas, espaços onde seu álbum seria muito bem-vindo.

"Primavera Sound, vocês estão prontos para dançar?", ela perguntou antes de "Soul Control". Seu convite surtiu efeito. Pessoas que saíam das barraquinhas de comida pararam em frente aos telões que circundam o palco para dançar, com os olhos pregados à performance.

Ela cantou também "Please", uma das faixas da edição deluxe de seu álbum, o que é incomum nessas setlists apertadas de artistas pop. Escolheu "Save a Kiss" para encerrar a apresentação, cerca de cinco minutos antes do previsto pelo festival.

Às 23h28, no palco Elo, longe dali, Caroline Polachek abriu seu show com "The Gate", do disco "Pang", lançado em 2019. Ela é outra dessa leva de artistas indie que tentam fazer o público dançar —mesmo que seja cantando letras sobre solidão e incertezas.

Depois tocou "Sunset", uma das pedidas pelos fãs, e seu último lançamento. Fez o público dançar coladinho em "Look at Me Now", e cantou "Smoke", faixa ainda não lançada, cheia de vocais esticados que empolgaram os fãs.

"Esta próxima é sobre o sonho de cair no mar e ser salvo inesperadamente por um paraquedas que você nem sabia que tinha até aquele momento", ela disse, em português mesmo, antes de cantar a música "Parachute". Foi uma performance poderosa, que pregou os olhos da plateia no palco. Polachek provou naquele momento que é uma das vozes mais potentes da sua geração.

Polachek só não conseguiu segurar toda a sua audiência até o final do show —várias pessoas saíram mais cedo para ver a cantora pop Charli XCX, no lado oposto do Distrito Anhembi.

Isso, somado ao sucesso de público de Polachek, Ware e da banda Japanese Breakfast, prova que há gente querendo dançar em qualquer festival, mesmo nos mais indies.

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