Quem é a designer que brilhou na Rolling Stone e abriu portas para os negros

Gail Anderson vem ao Pixel Show e diz esperar que sua fala faça as pessoas olharem seus mundos de maneiras diferentes

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Marcelo Pliger
São Paulo

A premiada designer gráfica americana Gail Anderson fará palestra no Pixel Show 2022, simpósio de criatividade que acontece anualmente em São Paulo.

Anderson trabalhou na revista Rolling Stone nos anos 1980 e 1990, publicação em que se tornou uma espécie de marca registrada. Em 2008, a designer foi premiada pelo Cooper Hewitt, museu que faz parte do Instituto Smithsonian, pelo conjunto de sua obra e sua contribuição para sociedade.

Seus trabalhos fazem parte dos acervos da Biblioteca do Congresso Americano, em Washington, e do Museu de História e Cultura Afro-Americana de Nova York.

Gail Anderson
A designer Gail Anderson, que é também professora e autora de livros sobre tipografia - Divulgação

Questionada sobre a experiência de trabalhar na mítica Rolling Stone, a designer conta que o trabalho era cheio de madrugadas e ótimos jantares. "Estávamos ocupados demais lançando edições da revista para realmente parar e pensar sobre o que aquilo significava para a cultura popular. Eu me lembro de John Kennedy Junior andando pelos corredores e de artistas como James Taylor, Axl Rose e Madonna no escritório."

Anderson também tem memórias etílicas e olfativas da época. "Tom Cruise enviou champanhe a todos depois de sua primeira reportagem de capa, Hunter Thompson pulverizou o escritório de Jann Wenner [diretor e fundador da revista] com um extintor de incêndio, e eu trabalhei com as pessoas mais inteligentes que você pode imaginar. Foi uma época cuja magia você não se dá conta até que acaba."

A designer conta ainda que em sua apresentação no Brasil pretende desafiar as pessoas a olharem seus mundos de maneira diferente. "Isso é mais empolgante do que apenas mostrar o meu trabalho." Além de revistas, Anderson produz cartazes, embalagens e capas de livros onde letras detalhadamente desenhadas costumam funcionar como item principal de ilustração.

Anderson nasceu na Jamaica e migrou ainda criança para Nova York, onde reside. Além de trabalhar em seu estúdio, ela também é professora na School of Visual Arts há 30 anos e autora de 15 livros sobre tipografia.

Apesar do avanço, Anderson considera angustiante a pouca quantidade de designers negros em escolas e empresas nos Estados Unidos. "Sempre havia mulheres em posições de influência no design editorial americano, então isso parecia menos preocupante. Mas, no início da minha carreira, era incomum encontrar outro designer de cor ou mais de um editor."

Anderson também diz ser "importante usar qualquer pequena influência para encorajar alunos negros, indígenas e pessoas de cor a buscarem o design como uma profissão em que serão capazes de progredir ao longo de uma carreira longa e, esperançosamente, frutífera".

O Pixel Show 2022 traz também apresentações do cartunista britânico Alex Gamsu Jenkins, criador de imagens surrealistas críticas ao mundo contemporâneo, e da designer gráfica também britânica Tina Touli, que explora programas 3D para criar imagens abstratas em movimento.

Haverá 27 palestras gratuitas, 22 oficinas e 13 conferências além de exposições, shows e eventos sobre fotografia, tipografia, design, tatuagem, grafite, HQ, animação, música, 3D, UX, games e outros temas da indústria criativa.

Pixel Show 2022

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