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Série '1899', dos criadores de 'Dark', é Torre de Babel que opõe ciência e religião

Elenco é formado por atores de vários países, que se beneficiam do sucesso da trama alemã para falar em suas línguas originais

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São Paulo

Foi sem saber que emplacariam um hit global que Baran bo Odar e Jantje Friese criaram "Dark" para a Netflix em 2017. Falada em alemão, com atores locais, a série integrou a safra de títulos da plataforma que ajudou a destronar o inglês como língua franca na televisão —junto com "La Casa de Papel" e "Kingdom", para citar algumas. Agora, a dupla lança uma nova trama, que talvez jamais existira não fosse o movimento puxado por "Dark" e companhia.

Emily Beecham em cartaz da série "1899", da Netflix
Emily Beecham em cartaz da série "1899", da Netflix - Divulgação

"1899", que estreou nesta semana ao streaming, se passa no ano do título, num navio que transporta centenas para os Estados Unidos. Os passageiros são alemães, ingleses, japoneses, espanhóis, franceses, portugueses e dinamarqueses e, diferentemente do que provavelmente aconteceria até pouco tempo atrás, aparecem em cena falando suas línguas maternas.

"'Dark' provou que as pessoas estão dispostas a experimentar coisas novas e que estão comprometidas com as histórias em si, que pouco importa o idioma ou de onde vem a série desde que ela seja boa. Além da questão da língua, ainda sentimos que havia um anseio de entrar em contato com outras culturas", diz Friese.

Andreas Pietschmann, que fez o protagonista de "Dark" em sua fase adulta e assume o comando do elenco em "1899", explica que para os atores, também, trabalhar nesse ambiente internacional é enriquecedor. Mas, claro, no set de filmagem precisaram adotar uma língua para que todos se entendessem. No caso, o inglês.

"Estar cercado de outras línguas e de atores de vários países nos permitiu olhar para essa história a partir de várias perspectivas. É como se a trama se repetisse na vida real, porque assim como os personagens precisam se pôr no lugar um do outro, nós também fomos estimulados a fazer isso enquanto atores."

Com seu suspense cheio de segredos que só seriam revelados aos poucos e, na maioria dos casos, no fim das três temporadas, "Dark" prendeu o espectador com um drama que mexia com conceitos complexos de física quântica e filosofia, embrulhados em viagens no tempo e elementos do horror.

"1899" segue a mesma direção, brincando com a ciência e amarrando os mistérios pessoais de seus personagens em um só acontecimento inexplicável que os tira da zona de conforto. Mais uma vez, o espectador deve passar boa parte dos episódios confuso —e as respostas devem, de novo, chegar só mais para frente.

O navio que transporta os personagens parece como qualquer outro, até encontrar uma embarcação que havia desaparecido em alto mar há quatro meses. O capitão decide montar uma equipe para remar até o local e investigar o que houve. Lá, não há passageiros e tampouco corpos. A única coisa que encontram é um garoto, totalmente ileso e saudável, segurando uma pirâmide feita de pedra.

Assim que a criança é resgatada, mortes inexplicáveis começam a acontecer no navio, desencadeando pânico e uma guerra entre uma seita de fundamentalistas religiosos, que acreditam que ela é a encarnação do Diabo, e os sensatos que buscam explicações calcadas na ciência.

Conforme essa narrativa principal se desenrola, vamos descobrindo o que levou cada um dos passageiros a cruzar o Atlântico. Há um casal formado por dois rapazes, um espanhol e outro português, uma inglesa que busca pelo irmão perdido, dois franceses na lua de mel de um casamento arranjado e o capitão, Eyk Larsen, que tenta esquecer uma tragédia familiar mergulhando em garrafas de uísque.

Para os criadores, que dizem ser fascinados por ciência e filosofia desde crianças, apesar de não entenderem completamente os dois campos, a história de "1899" avança justamente por meio do estado psicológico abalado dos personagens que escreveram.

"Eles todos pensam estarem fugindo de algo, quando na verdade estão fugindo de si mesmos", explica Odar.

1899

  • Onde Disponível na Netflix
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Emily Beecham, Andreas Pietschmann e Aneurin Barnard
  • Produção Alemanha, EUA, 2022
  • Criação Baran bo Odar e Jantje Friese
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