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SPFW tem Camila Pitanga vestindo Angela Brito e modelo em cadeira de rodas

No quarto dia do evento, cabo-verdiana radicada no Rio de Janeiro une tradição e vanguarda com vestuário feito à mão

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São Paulo

Mulher negra de Cabo Verde, a estilista Angela Brito abriu o penúltimo dia de São Paulo Fashion Week neste sábado (19) com certo frisson ao redor da atriz Camila Pitanga, que desfilou um vestido branco.

A atriz Camila Pitanga desfila pela grife de Angela Brito na passarela do shopping Iguatemi, na 54ª SPFW - Bruno Santos/Folhapress

Valendo-se do imaginário de seu país de origem, a cabo-verdiana radicada no Rio de Janeiro diz querer unir tradição e vanguarda em seu vestuário feito à mão no ateliê. Isto aparece em produções minimalistas e elegantes em vermelho, branco, amarelo, azul, marrom e preto —vestidos combinados com chinelos de plataforma alta e saias com fendas laterais que terminam em babados, por exemplo.

Seu vestuário é basicamente feminino, mas na passarela também se viu um vestido marrom longo combinado com uma bolsa da mesma cor e um outro vestido branco com aberturas que tinha um ar meio Grécia antiga, ambos no corpo de homens.

Em seguida, também na passarela do shopping Iguatemi, a Neriage mostrou seus tradicionais vestidos plissados. A marca da jovem estilista Rafaella Caniello frequentemente se associa a artistas, seja em parcerias para desenvolver as coleções ou vestindo nomes de destaque. Neste show, a atriz Silvia Pfeiffer desfilou um vestido longo na cor bordô.

A tesoura de Caniello passa um ar de riqueza, a exemplo das peças em veludo preto, prontas para serem vestidas à noite. O inusual do desfile foram as bolsas e chapéus feitos com fibra de buriti —para as bolsas, que apareceram em vários tamanhos, as artesãs gastam em média 80 horas na produção, segundo a marca, 14 a menos do que para os chapéus.

Com uma hora e meia de atraso e plateia bastante inquieta, a Ponto Firme levou à passarela maior sua reconhecida crochetaria feita por detentos, egressos do sistema prisional, pessoas trans em situação de vulnerabilidade social e refugiados.

A marca Ponto Firme desfila na passarela do Komplexo Tempo, no 54ª SPFW - Bruno Santos/ Folhapress

A coleção contou ainda com peças desenvolvidas por artesãos indígenas, dado que o manto cerimonial Tupinambá, confeccionado com fibras naturais e penas entre os séculos 16 e 17 e símbolo da memória e da resistência do povo indígena de mesmo nome, foi a principal inspiração para as novas peças.

Além de vestidos monocromáticos brancos, o diretor criativo Gustavo Silvestre mostrou peças misturando a cor com tons de vermelho. O destaque, contudo, foi para as peças de noite: um conjunto de top e minissaia prateado e um vestido dourado com fendas laterais nas pernas.

A história do manto "nos leva aos tempos remotos dos primeiros encontros com europeus que aportavam na costa brasileira e nos atualiza sobre a história recente de luta pelo reconhecimento da identidade, dos direitos e da terra indígena", diz Silvestre.

Mais uma marca a levar o universo das baladas para a sala de desfiles, a Silvério apresentou uma coleção "sobre animais noturnos, como esse seres são mais acolhidos nesta escuridão e como ganham protagonismo", segundo o diretor criativo Rafael Silvério contou à reportagem nos bastidores.

Foi uma coleção enxuta, na qual se destacaram um vestido vermelho de plumas, uma gola preta de pelos e uma capa cinza com uma fita rosa de cima a baixo nas costas —elemento comum a várias peças da etiqueta.

Com preços mais acessíveis, as roupas da Silvério tem um charme que só acrescenta ao seu potencial de utilização, a exemplo de uma calça de alfaiataria estilo cargo, dando um ar contemporâneo à tradição da costura, no que o diretor criativo chama de "alfaiataria espiralada"

O auge da apresentação, contudo, não foi nenhuma peça, mas sim a participação de um modelo de cadeira de rodas, que fez a plateia vibrar.

Já à noite, se apresentando em formato digital, a ÀLG, marca de street e sportswear de Alexandre Herchcovitch e Fabio Souza, simulou um desfile com a plateia vazia no qual mostrou uma série de looks coloridos com pouca ou nenhuma estampa, diferentemente das coleções anteriores, mais carregadas nos gráficos.

Os modelos desfilaram, por exemplo, um macacão rosa, camisas oversize brancas e pretas e moletons com capuz e o logo da marca na frente. Foi uma apresentação curta, na qual chamou a atenção uma bolsa de pescoço nas cores branca e preta. Para quem acompanha a marca, as modelagens largas seguem no seu guarda-roupas.

Um desfile que mais parecia uma coreografia fechou a noite. Dezenas de modelos desciam as curvas da rampa do Auditório do Ibirapuera vestindo a nova coleção de Lenny Niemeyer, numa espécie de marcha delicada e sensual.

A marca Lenny Niemeyer desfila na passarela do auditório do Ibirapuera, no 54ª SPFW - Bruno Santos/ Folhapress

Os tops, vestidos e maiôs tinham estruturas de armações circulares ao redor do corpo das modelos, como se elas estivessem dentro de uma flor copo-de-leite. Afora estas peças mais conceituais, a estilista também mostrou um conjunto de looks brancos, formado por biquínis com recortes na parte superior e calças com fendas que deixavam parte das pernas à mostra.

O verão 2023 da marca carioca "faz uma reflexão sobre a proximidade do macro e microcosmos", diz o material do desfile, numa coleção que "passeia pelos espaços silenciosos que abraçam tanto galáxias como átomos em suas órbitas". As referências retrô-futuristas estavam tanto nas formas das roupas quanto em linhas douradas e prateadas que adornavam o vestuário.

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