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'Glass Onion' recicla elenco estrelado para dar sequência a 'Entre Facas e Segredos'

Dirigidos por Rian Johnson, Daniel Craig, Edward Norton e Janelle Monáe vivem trama detetivesca que satiriza bilionários

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Daniel Craig no filme 'Glass Onion' John Wilson/Netflix

São Paulo

"Glass Onion: Um Mistério Knives Out" é um filme que nasceu com todos os ingredientes necessários para ser um arrasa-quarteirões. É a continuação de "Entre Facas e Segredos", de 2019, que introduziu ao público o detetive caipirão Benoit Blanc, interpretado com ironia pelo mesmo ator que encarnava James Bond na época, o inglês Daniel Craig.

Na primeira trama, o personagem era chamado para desvendar o assassinato do patriarca de uma família rica e excêntrica, papel de Christopher Plummer, que tinha entre seus membros as adoráveis Jamie Lee Curtis e Toni Collette, além de Michael Shannon e da deslumbrante Ana de Armas, a atriz cubana que viveu Marilyn Monroe no controverso "Blonde", lançado este ano pela mesma Netflix.

O filme que entra no catálogo do streaming nesta sexta-feira, "Glass Onion: Um Mistério Knives Out" —com o título traduzido pela metade—, é feito sob medida para ser visto no fim de semana de Natal, uma tradição americana que começa a migrar para o resto do planeta. O elenco também é cheio de nomes estrelados, mas, infelizmente, não tão diversos nem tão divertidos quanto os do primeiro longa.

Cena do filme 'Glass Onion'; da direita para a esquerda, Leslie Odom Jr, Daniel Craig, Jessica Henwick e Kate Hudson - John Wilson/Netflix

Desta vez, um grupo de amigos se reúne por uma semana, em plena pandemia, na ilha particular de um deles, vivido por Edward Norton, um bilionário que convoca o detetive Benoit Blanc para desvendar o próprio assassinato antes mesmo que ele aconteça.

E uma turma de amigos tende a ser formada por pessoas da mesma geração, enquanto uma família é composta por gente de todas as idades. É o caso deste elenco, que tem em Daniel Craig, de 54 anos, seu ator mais velho, e Jessica Henwick, de 30, a mais nova.

Como quase todos os filmes de Rian Johnson, há um número considerável de participações especiais, curtinhas, de estrelas do primeiro time, e não só de Hollywood.

O ex-jogador de basquete Kareem Abdul-Jabbar e a tenista Serena Williams, o compositor Stephen Sondheim —que morreu logo depois das filmagens, no ano passado— e a atriz Natasha Lyonne aparecem como eles mesmos. E Hugh Grant, Ethan Hawke e Jackie Hoffman —você vai reconhecer— fazem pontas.

Mas o grosso da história acontece na ilha grega em que o bilionário Miles Bron construiu a tal cebola de vidro que dá nome ao filme, e para onde convida sua turma de amigos mais próximos e o melhor detetive do mundo para descobrir qual deles planeja o seu assassinato.

A reportagem teve a oportunidade de entrevistar, por videoconferência, o diretor e roteirista Rian Johnson, o protagonista Daniel Craig e a cantora e atriz Janelle Monáe.

No mundo dos canais de streaming tem sido considerado normal fazer a divulgação de um produto audiovisual da mesma maneira que se faz os hambúrgueres do McDonald’s —no menor tempo possível, e todos idênticos.

De maneira que, apesar das conversas exclusivas com os três artistas citados acima, não dá para afirmar que este texto terá grandes revelações ou pensamentos intrincados de nenhum deles. Em menos de cinco minutos, tempo médio de cada entrevista, esta é uma tarefa bem difícil.

Rian Johnson, nome simpático por trás do filme mais recente de "Star Wars", "Os Últimos Jedi", assim como da trilogia que vem a seguir, contou que não fez este trabalho em película, como foram alguns de seus filmes anteriores.

Como o que o revelou para a indústria, por exemplo, "Vigaristas", de 2008, ou "Looper – Assassinos do Futuro", de 2012, com um de seus atores preferidos, Joseph Gordon-Levitt, que vai participar de sua próxima série de TV, "Poker Face", ainda sem data de estreia.

Também afirmou que não escolheu Daniel Craig para o papel do detetive sem charme para fazer graça com o fato dele ser o James Bond.

"Eu conheço o trabalho do Daniel há muito tempo, conheço o alcance enorme do talento que ele tem. Sabia que iria se sair bem neste papel", diz.

Johnson e Craig já estão escalados para o capítulo seguinte da série "Knives Out", também ainda sem título nem data de lançamento. Pergunto se é um sonho ou um pesadelo estar à frente de duas franquias simultaneamente. Ele vai pela resposta otimista.

Já o ator achou graça da pergunta sobre o figurino, horrendo, feito exatamente para tirar da cabeça do público que aquele é o mesmo homem sarado que saiu do mar de sunga azul claro em "Casino Royale", de 2006, sua estreia como o agente 007. E que dança todo charmoso de terno branco no comercial recém-lançado da vodca Belvedere, dirigido pelo vencedor do Oscar de melhor direção de 2020, Taika Waititi, de "Jojo Rabbit".

Craig lembrou também de um de seus primeiros longas-metragens de grande orçamento em Hollywood, "Estrada para Perdição", de 20 anos atrás, em que vivia o filho bandido do gângster John Rooney, papel de Paul Newman.

"Foi maravilhoso trabalhar com Paul Newman, e o que me permitiu relaxar completamente foi ver o quão normal ele era. Um ator, antes de tudo, preocupado em decorar suas falas e dizê-las da maneira mais eficiente possível", afirma. "Ele era apaixonado por carros de corrida e tentava puxar esse assunto com todo mundo no set, mas ninguém tinha o mesmo interesse, o que era ótimo, porque aí ele começava a falar sobre atuação, que era o que todo mundo queria ouvir."

Janelle Monáe, que tem o principal papel feminino, lembrou que conheceu o Brasil em 2011, quando abriu os shows de Amy Winehouse meses antes da morte da cantora inglesa. Sabia também que tinha havido uma eleição presidencial recente e que o atual presidente não tinha sido reeleito.

"Eu adorei conhecer o Brasil. Espero poder voltar logo. Também torço para que o país consiga a mudança de que tanto precisa para poder proteger as pessoas menos privilegiadas", afirma Monáe.

A cantora, modelo e atriz prefere usar os pronomes em inglês "they" e "them", que se referem tanto à terceira pessoal do plural quanto a pessoas que não se identificam com um gênero. Em português, a solução para esse dilema pronominal ainda não foi completamente decifrada nem adotada.

Monáe estreou como atriz de cinema em 2016, no ganhador do Oscar de melhor filme daquela safra, "Moonlight: Sob a Luz do Luar". "Para mim, é tudo uma questão de caracterização. Na minha cabeça, estou sempre contando uma história, seja na música, seja no cinema", afirma.

"Vou ser sempre muito grata ao [diretor e roteirista] Barry Jenkins por ter feito parte de ‘Moonlight’. Este filme tem um grande significado para os jovens de comunidades pobres que se descobrem LGBT. Eu encontro muitos desses adolescentes e eles sempre me contam o quanto 'Moonlight' os ajudou".

"Glass Onion", ao contrário, não veio ao mundo para ajudar ninguém a sair de uma situação complexa. É entretenimento puro. O máximo que pode fazer é distrair o público por duas horas e 20 minutos. Se alguém exagerar no peru de Natal, pode ser o tempo necessário para a digestão.

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