A escritora e crítica literária Heloísa Buarque de Hollanda vai se candidatar à vaga da Academia Brasileira de Letras que foi aberta pela morte de Nélida Piñon no mês passado.
O processo, contudo, não é imediato. Ainda que a autora tenha sido velada na Academia na última semana, a homenagem da Sessão da Saudade, que na prática oficializa a cadeira de Piñon como disponível a novos candidatos, só ocorrerá daqui a dois meses, no dia 2 de março.
Só então é que os postulantes à Academia podem manifestar, por carta e num prazo de até 30 dias, seu interesse em integrar a instituição.
Buarque de Hollanda confirma, por mensagem de texto, que tem intenção de ser candidata. Ela substituiria uma das mais aguerridas vozes femininas de uma instituição ainda dominada por homens brancos — Piñon foi a primeira presidente mulher da história da casa, assumindo em 1997.
Caso seja eleita, a pesquisadora carioca de 83 anos será apenas a décima mulher a se tornar imortal da Academia Brasileira de Letras em seus mais de 125 anos de existência.
Além de uma das principais formuladoras e compiladoras do pensamento feminista brasileiro, Buarque de Hollanda foi responsável pela histórica coletânea "26 Poetas Hoje", nos anos 1970, que colaborou para pôr em cena alguns dos principais autores de sua geração, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal.
O livro ganhou uma espécie de atualização há dois anos com o volume "As 29 Poetas Hoje", que destacava apenas o trabalho de escritoras mulheres.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.