O poeta, ensaísta e tradutor Claudio Willer morreu nesta sexta-feira, em São Paulo, aos 82 anos, de complicações causadas por um câncer na bexiga.
Ele estava internado em uma instituição para idosos no bairro do Brooklin, na zona sul da cidade, e vinha tendo problemas de saúde havia alguns meses.
Considerado uma figura importante na contracultura brasileira, Willer era especialista na geração beatnik e no surrealismo, que produziram uma "criação literária mais rebelde e transgressiva", como ele definiu.
"Tomando a liberdade como valor fundamental, eu me identifico como anarquista. A liberdade não é um valor, é uma prática. Sou também antipartidário, na medida em que a representação extrapartido traz mais resultado, pois escapa da instrumentalização e do aparelhamento", disse ele a este jornal, há dez anos.
Tinha doutorado em letras pela Universidade de São Paulo e também era formado em sociologia e psicologia. Traduziu Lautréamont, Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Antonin Artaud e publicou diversos livros, dentre os quais "Os Rebeldes: Geração Beat e Anarquismo Místico", de ensaios, "Dias Ácidos, Noites Lisérgicas", de crônicas, e "Anotações para um Apocalipse", de poesia.
Ele foi presidente da União Brasileira de Escritores por quatro mandatos. Também foi assessor na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, onde ficou responsável por cursos, oficinas literárias, ciclos de palestras e leituras de poesia, entre 1994 e 2001.
Ele ganhou um documentário em curta-metragem sobre sua vida, "A Propósito de Willer", dirigido por Priscyla Bettim e Renato Coelho.
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