Em seu livro de memórias ainda não publicado oficialmente, o príncipe Harry conta como foi agredido fisicamente por seu irmão William —herdeiro do trono britânico— durante uma discussão, revela que usou cocaína aos 17 anos e que matou 25 pessoas durante missões militares no Afeganistão.
Intitulado "Spare" —em pré-venda no Brasil com o título "O Que Sobra"—, a autobiografia será lançada mundialmente em 10 de janeiro, em meio aos conflitos na família real britânica.
No entanto, veículos de imprensa, como o britânico The Guardian, tiveram acesso antecipado ao livro. Alguns tabloides também conseguiram verificar o material depois que uma livraria espanhola acidentalmente o pôs à venda antes da data oficial —a obra foi tirada de circulação após a constatação do erro.
Agredido pelo príncipe William
No livro, Harry, de 38 anos, escreve que, durante um desentendimento na cozinha de sua casa em Londres, William chamou Meghan Markle de "difícil", "grosseira" e "ríspida", antes de derrubar o irmão no chão enquanto a discussão continuava.
"Ele me agarrou pela gola [da camisa], arrancou a gola e me jogou no chão. Caí na tigela do cachorro, que quebrou nas minhas costas, com pedaços me cortando", afirmou o Guardian, citando o livro. Depois, William pareceu "arrependido e se desculpou", disse Harry, segundo o jornal.
O príncipe também admite que usou cocaína aos 17 anos.
"Na casa de alguém, durante um fim de semana de caça, eles me ofereceram uma carreira e, desde então, usei mais algumas", ele afirmou, segundo o canal de televisão Sky News. "Não era muito divertido, mas fazia eu me sentir diferente", disse o site do canal, que também mencionou como Harry perdeu a virgindade em "um episódio humilhante com uma mulher mais velha" que o tratou como um "jovem garanhão".
O príncipe também admite, sem "medo desse número", que matou 25 "talibãs" quando atuou como piloto de helicóptero no Afeganistão, considerando os seus alvos como "peças de xadrez", segundo o jornal Daily Telegraph.
O livro também cita como o agora rei Charles 3º fazia piadas "sádicas" sobre o "verdadeiro" pai de Harry, que cresceu ouvindo rumores sobre sua semelhança com James Hewitt, amante de sua mãe, a princesa Diana, segundo o site Page Six.
Lavar a 'roupa suja'
Como é de costume, o Palácio de Buckingham não comentou o assunto.
A família real britânica está se preparando há meses para as revelações potencialmente explosivas contidas nas memórias do príncipe, que em 2020 abalou a monarquia quando ele e Meghan Markle anunciaram que estavam deixando suas funções como membros da realeza e foram morar nos Estados Unidos.
A mais recente revelação sobre o tumultuado relacionamento dos irmãos ocorre enquanto seu pai, o rei Charles, se prepara para a coroação em maio, após a morte em setembro de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, aos 96 anos.
Depois de anos de rumores acerca da relação dos irmãos, muito próximos na adolescência após a morte da mãe, a princesa Diana, em 1997, Harry acertou as contas com William em uma polêmica série documental intitulada "Harry & Meghan", lançada na Netflix em dezembro.
Na produção, o casal atribui grande parte de sua infelicidade aos ataques racistas contra a ex-atriz, afro-americana, e ao assédio da imprensa sensacionalista.
A mudança para o estado americano natal de Markle, a Califórnia, os tornou impopulares no Reino Unido, onde são frequentemente retratados pela imprensa como egoístas.
Em trechos de uma entrevista para as emissoras ITV, no Reino Unido, e CBS, nos Estados Unidos, transmitidas nesta semana antes do lançamento do livro, Harry afirmou que quer "uma família, não uma instituição".
"Gostaria de ter meu pai de volta. Gostaria de ter meu irmão de volta", disse Harry.
Embora eles tenham aparecido juntos, com suas respectivas mulheres, em setembro, antes de se reunirem em Windsor para prestar homenagem à avó morta, a impressão é de que os dois irmãos quase não se falam desde que Harry e Markle se mudaram para os Estados Unidos.
Em março de 2021, o casal fez duras acusações contra a família real, incluindo uma de racismo, em uma entrevista explosiva à estrela da TV americana Oprah Winfrey. "Não somos uma família racista de forma alguma", disse William, com raiva.
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