Família real do Reino Unido afasta assessora por racismo

Ativista britânica foi questionada de que parte da África ela é; imprensa local diz que acusada é madrinha do príncipe William

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Londres | Reuters

Uma assessora da família real britânica renunciou ao cargo depois de fazer comentários "inaceitáveis e profundamente lamentáveis" sobre raça e nacionalidade em um evento no Palácio de Buckingham, anunciou um porta-voz da realeza nesta quarta-feira (30). O nome da pessoa envolvida não foi divulgado, mas segundo a imprensa britânica trata-se de Lady Susan Hussey, 83, madrinha do príncipe William.

Ngozi Fulani, que nasceu no Reino Unido e trabalha para um grupo de apoio contra violência doméstica, escreveu no Twitter que foi repetidamente questionada de qual país da África era. Na postagem, ela identifica o autor da frase como "Lady SH", o que abriu caminho para a interpretação da mídia.

Portão do Palácio de Buckingham, em Londres
Portão do Palácio de Buckingham, em Londres - Clodagh Kilcoyne - 19.set.22/Reuters

"Levamos esse incidente extremamente a sério e o investigamos para esclarecer todos os detalhes. Comentários inaceitáveis e profundamente lamentáveis foram feitos", disse o palácio, em nota.

O evento em questão foi organizado pela rainha consorte Camilla na terça-feira (29) e tinha como tema principal a violência contra mulheres e meninas. Entre as convidadas estavam a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, e as rainhas Mathilde, da Bélgica, e Rania, da Jordânia.

Em seu perfil no Twitter, Fulani, que trabalha para o Sistah Space, grupo de apoio a mulheres de ascendência africana e caribenha afetadas por abusos, disse que cerca de dez minutos depois de chegar ao local, Lady SH a abordou e mexeu em seu cabelo para ver seu crachá.

Ela contou que, depois de ser questionada muitas vezes de que parte da África era, respondeu: "Nasci aqui, sou britânica". Lady SH teria, então, insistido: "Não, mas de onde você realmente vem, de onde vem o seu povo?".

Segundo um porta-voz da família real, a pessoa envolvida no caso pediu desculpas pela dor causada e se afastou de seu cargo honorário. Já um porta-voz de William disse que o príncipe ficou desapontado ao saber do incidente. "Obviamente eu não estava lá, mas o racismo não tem lugar em nossa sociedade", disse ele, em nota.

O episódio ocorre após recentes acusações contra a família real envolvendo racismo. Em março de 2021, o príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, em entrevista a Oprah Winfrey, disseram que um membro da família os perguntou, antes de seu filho Archie nascer, o quão escura sua pele poderia ser.

Também no ano passado, reportagem do jornal britânico The Guardian mostrou que o Palácio de Buckingham evitou a contratação de "imigrantes negros ou estrangeiros" em funções administrativas até ao menos o final dos anos 1960. Nos papéis, descobertos nos Arquivos Nacionais, o gerente financeiro da rainha informou em 1968 que "não era, de fato, prática nomear imigrantes negros ou estrangeiros" para funções administrativas, embora eles tivessem permissão para trabalhar como empregados domésticos.

Na época da revelação, o palácio não respondeu a questionamentos sobre a proibição nem sobre quando ela foi revogada. Disse apenas que pessoas de minorias étnicas eram empregadas pela família real na década de 1990 e que, antes disso, não havia registros sobre as origens raciais dos funcionários.

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