Cem anos de maldição ao jornalista que, em qualquer obituário, tentar cravar a idade que Glória Maria tinha ao morrer. Além de irrelevante, esse detalhe feriria uma construção da própria apresentadora e jornalista, que gostava de manter um mistério sobre o assunto.
Era um segredo que ela mesmo se divertia em guardar e confundir quem tentasse desvendá-lo. Duas histórias que vivi com ela ilustram bem isso.
A primeira aconteceu quando fiz 45 anos e celebrei como sempre gostei de celebrar —os 60 anos estão ali na esquina, em abril, e eu mal posso esperar.
Depois de uma festa na redação do Fantástico, ela me chamou num canto e me aconselhou a parar de revelar minha idade a cada aniversário. Disse a ela que não ligava para isso, ao ela respondeu rápido: "Mas eu ligo! As pessoas fazem contas. Se você fica mais velho, eu fico também!". Caímos na gargalhada.
Em outro momento inesquecível, quando meus primeiros cabelos brancos começaram a surgir, ela me disse no próprio estúdio de onde apresentávamos o Fantástico: "Nunca vou ter cabelos brancos! Na minha família ninguém tem, só mamãe que agora começou a ter um ou outro fio branco. E mamãe está com o que? 62, 63 anos."
As pessoas do estúdio, todos colegas, já percebendo a provocação, retrucaram: "Como assim? Sua mãe teve você com 3 anos de idade!". A própria Glória começou a rir e dizer que ninguém ali sabia fazer conta. Tudo virou uma grande piada, que ela mesma fez questão de promover.
Seu passaporte era um segredo guardado como se fosse de Estado. Mas o mais divertido era provocá-la com o assunto. Por isso, caros colegas, atentem para o desserviço que vocês talvez estejam fazendo ao revelar o ano em que Glória Maria nasceu. Quem não sabe fazer conta são vocês!
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