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Livros de '007' serão editados para excluir trechos considerados racistas

Alteração na obra de Ian Fleming se dá após avaliação de leitores de sensibilidade

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São Paulo

Os livros da franquia "007", protagonizada pelo agente secreto James Bond, terão conteúdo racista removido de suas páginas.

Segundo a Variety, a decisão de alterar a obra literária de Ian Fleming, morto em 1964 aos 56 anos, foi tomada após a empresa que gere o espólio do autor britânico acatar as recomendações feitas por leitores de sensibilidade.

As novas edições serão publicadas para comemorar os 70 anos de "Casino Royale", o primeiro da série. Os livros foram publicados originalmente entre 1951 e 1966.

"007 — Sem Tempo para Morrer" é o último com Daniel Craig no papel principal
"007 - Sem Tempo para Morrer" é o último com Daniel Craig no papel principal - Divulgação/Universal

A leitura sensível é uma prática recorrente do mercado livreiro contemporâneo. Ela consiste em profissionais fazerem análises para levantar possíveis pontos do texto de ficção em que o autor faz representações de grupos sociais marginalizados. A prática é geralmente adotada em casos nos quais o autor não pertence ao grupo retratado.

Entre as alterações feitas na obra de Fleming estão, por exemplo, a remoção quase total de um termo pejorativo para se referir a pessoas negras. Ele foi trocado por "pessoa negra" ou "homem negro".

De "Os Diamantes São Eternos", de 1956, por sua vez, foi excluída uma passagem em que Bond opina sobre personagens do mercado africano de ouro e diamantes. O espião se refere a eles como homens obedientes à lei "exceto quando bebem demais". O comentário foi removido.

Por outro lado, as mudanças na edição feita para os Estados Unidos de "Viva e Deixe Morrer" foram autorizadas pelo próprio Fleming quando vivo.

A Ian Fleming Publications Ltd., empresa que detém os direitos da série literária, informou ao Telegraph que decidiu acatar os apontamentos dos leitores de sensibilidade para atuar em concordância com próprio escritor britânico nas mudanças.

Os livros, de acordo com o jornal, virão com uma mensagem aos leitores na qual lhes será explicado que as obras foram escritas em uma época quando era comum o uso de termos que "podem ser considerados ofensivos por leitores modernos" e que as alterações foram feitas de maneira a evitar ao máximo o distanciamento do texto original e do período em que os enredos se ambientam.

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