Ao som de xingamentos para Drake e "ole, ole, ole, ole, Skrillex, Skrillex", o DJ americano Skrillex subiu ao palco Budweiser do Lollapalooza na noite deste domingo com a tarefa ingrata de substituir o headliner da noite de última hora.
Drake, o rapper canadense que faria sua segunda passagem pelo Brasil e primeira em São Paulo, avisou sobre o cancelamento da apresentação na manhã do mesmo dia. O anúncio oficial citava apenas circunstâncias imprevistas do músico, que foi visto saindo de uma boate em Miami na noite de sábado.
Skrillex compensou nos efeitos especiais. Era difícil que se passassem cinco minutos sem fogos, jatos de chamas, fumaça ou faíscas, geralmente acionados na hora do drop da batida.
O show começou ao som de "Carinhoso", de Marisa Monte e Paulinho da Viola —quando o DJ desceu do palco e cumprimentou a plateia.
Com um trecho do refrão "serei feliz" em looping, e "São Paulo in a jungle" repetida entre sirenes e uma batida forte, o público próximo à grade do palco pareceu esquecer que Drake um dia pisaria ali, e ele encarnou o repertório do palco Perry, dedicado aos sets de música eletrônica.
Em dez edições de Lollapalooza, nunca um DJ foi headliner do evento. O gênero tem algum espaço, mas restrito ao palco separado, que costuma ser ignorado pelo público majoritário do festival.
O remix de música brasileira como forma de homenagear a plateia é marca registrada de DJs moderninhos que visitam o país. Jamie XX, nome que fechou o palco eletrônico no sábado, fez o mesmo com "Tô", de Tom Zé.
Não chegou aos pés do remix de "Deixa de Onda", de Ludmilla —que se apresentou no sábado e voltou ao palco chamada por Skrillex no final do show para cantar "Todo Mundo Louco" e "Sou Má" aos berros de "frita, porra". A saideira "Cinema" se confundiu com mais xingamentos a Drake.
Como era de se esperar de um set eletrônico, o repertório ficou por conta das próprias músicas de Skrillex misturadas com samples breves de outras obras, como as de Avicii —DJ morto em 2018— e dos rappers 50 cent e Kendrick Lamar mixados com as marcas registradas do drum 'n' bass que alçaram o headliner substituto à fama.
Mas foram os hits de Skrillex que animaram o público, caso da gigantesca "Where Are Ü Now", parceria com Diplo e Justin Bieber, "Ratata" e "Fireflies", que ele engatou com um remix de Rosalía para um público que insistia se manter pulando com as mãos para cima.
"Bangarang" e "Scary Monsters and Nice Spirits", as músicas mais populares do começo da carreira do DJ, foram o ponto alto e pareceram uma viagem no tempo para a virada dos anos 2010.
A plateia, apesar de esburacada em comparação a outros headliners, era fã fiel do músico.
Skrillex passa pela terceira vez no Lollapalooza brasileiro, embora a primeira como substituto e como headliner. Ele veio em 2012, primeira edição do festival, em 2015 e em 2016 como parte do duo Jack Ü, com Diplo.
Sem lançar discos desde 2015, ano de "Skrillex and Diplo present Jack Ü", recheado de nomes fortes como Justin Bieber com o hit "Were Are Ü Now", o artista voltou em 2023 em dose dupla. Lançou "Quest for Fire", com participação de Missy Elliott e Four Tet, e "Don't Get Too Close", aceno às raízes emo do DJ, que foi vocalista de hardcore, com colaborações de Kid Cudi e Justin Bieber. Seu último trabalho solo antes disso havia sido "Recess", de 2014.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.