O Twenty One Pilots teve uma missão difícil neste Lollapalooza. A dupla americana substituiu o Blink-182 —nome mais aguardado e que cancelou o que seria seu primeiro show no Brasil—, como atração principal deste sábado, no festival, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
A plateia no palco principal do festival estava bastante preenchida, ainda que espaçada. Um clima diferente da noite anterior, quando Billie Eilish reuniu o maior público da história do Lollapalooza, com mais de 100 mil pessoas, e seu show estava entupido de fãs aglomerados.
Eles usaram as armas que têm. Na terceira música, o baterista Josh Dun deu um salto "mortal" do piano para o chão. Minutos depois, puxaram um sucesso do Blink-182, "All the Small Things" —um agrado que levou a plateia a uma celebração contida, já que foi uma lembrança do show que eles deveriam estar vendo.
"Sabemos que não deveríamos estar aqui tocando, mas está legal? Estão gostando?", disse o vocalista, Tyler Joseph.
O repertório passeou pelos três álbuns mais famosos da dupla, lançados na década passada, além do mais recente, "Scaled and Icy", de 2021. O trabalho rendeu ao show "The Outside", "Mulberry Street", essas tocadas no começo e celebradas pela plateia.
O Twenty One Pilots já tocou em duas edições do Lollapalooza, em 2016 e 2019. Nas duas ocasiões, apenas a dupla subiu ao palco, mas agora eles são acompanhados por outros quatro instrumentistas, o que encorpa a sonoridade orgânica no palco.
A certa altura, Jospeh apareceu com uma vassoura, varrendo o palco principal do festival. Logo depois, o saxofonista da banda puxou trechos de músicas brasileiras reconhecidas no exterior —"Garota de Ipanema", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, "Mas que Nada", de Jorge Ben Jor, e "Baile de Favela", de MC João.
O Twenty One Pilots despontou em 2015, com o disco "Blurryface", que refina o pop alternativo e multifacetado da dupla, uma sonoridade que passeia por pop punk, rap, música eletrônica de rádio, reggae e o que mais for possível, sempre com um refrão contagiante.
É o caso de "Heavydirtysoul", do álbum de 2015, que botou a plateia para cantar. O mesmo aconteceu com "Ride", sucesso radiofônico da banda, cantado a plenos pulmões pelo público do Lollapalooza.
Nas vezes anteriores que se apresentou no festival paulista, sempre em horários menos disputados, a dupla se entregou ao palco, escalando estruturas, pulando e interagindo com a plateia.
Desta vez não foi diferente, e Joseph e Dun atuaram, desceram até a plateia e o vocalista foi parar em cima de uma estrutura de regulação do som, no meio da pista do palco principal. Nessa hora, ele usou uma balaclava preta, assim como o baterista, do jeito que ambos subiram no palco.
Durante a performance de "Ride", o baterista literalmente tocou em cima do público. Isso porque uma plataforma, com a bateria e ele em cima, foi levantada pela plateia, enquanto ele desempenhava sua função em um trecho da música.
Fãs de Blink-182, os integrantes do Twenty One Pilots até dialogam com o pop punk do trio americano, mas têm uma estética um tanto diferente. Joseph emenda rimas como um rapper, e há muito mais pop do que punk ou mesmo rock na abordagem instrumental da dupla.
"Car Radio", um rap confessional que vira um EDM, ou electronic dance music, farofa, foi emendada em "Stressed Out" —esta, o maior sucesso da banda. Foi o ápice do show, prestigiado por uma multidão que viu o vocalista tocar baixo e cantar seu maior hit em cima das ferragens posicionadas bem no meio da plateia.
Antes das performances finais, das mais antigas "Heathens", de 2016, e "Trees", de 2013, boa parte do público começou a ir embora. Ficaram os mais fiéis, que veriam o Twenty One Pilots com ou sem Blink-182 —e não foram poucos.
O show no Lollapalooza, que reuniu 98,5 mil pessoas neste sábado, segundo os dados oficiais, foi uma oportunidade rara para o Twenty One Pilots, de ser headliner de um festival dessa magnitude. Eles encararam o desafio com entrega suficiente para segurar um autódromo apesar da posição de penetras.
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