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'Gêmeas: Mórbida Semelhança' é thriller sexy com Rachel Weisz em dose dupla

Minissérie do Amazon Prime Video adapta filme cult de David Cronenberg trocando gênero dos irmãos protagonistas

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São Paulo

O sangue esguicha, escorre e mancha várias superfícies brancas —os azulejos, os tênis, os jalecos. Bisturis, fórceps, estiletes e tesouras estão sempre à mão. Berros ecoam pela sala de cirurgia, com suor e placenta.

Cena da série 'Gêmeas: Mórbida Semelhança' - Niko Tavernise/Divulgação

No centro desse vórtex estão Elliot e Beverly, as irmãs ginecologistas que protagonizam "Gêmeas: Mórbida Semelhança", um thriller feroz e sedutor protagonizado por Rachel Weisz, vencedora do Oscar por "O Jardineiro Fiel", que interpreta as duas personagens.

A minissérie do Amazon Prime Video adapta o filme cult de David Cronenberg, com Jeremy Irons, lançado em 1988 —mas, desta vez, o gênero de Elliot e Beverly foi trocado.

E se o filme de Cronenberg encena uma espécie de ritual macabro e hipnótico com a cultura yuppie como pano de fundo, a adaptação encabeçada por Weisz examina com o bisturi os papéis sociais atribuídos às mulheres, dando ênfase à ambição profissional, à maternidade e à gravidez.

"Eu sou a culpada", diz a atriz e produtora de 53 anos. "A ideia foi minha. Amo o filme do Cronenberg e fiquei imaginando como seria se ele fosse adaptado para a TV, mas com duas mulheres."

Elliot e Beverly, de fato, vivem num mundo fechado com diretrizes que só elas entendem. O vínculo delas é quase sobrenatural —além de ter uma voltagem homoerótica—, tamanha a capacidade de leitura que uma pode ter do gesto mais sutil da outra. Por outro lado, elas têm personalidades díspares. Enquanto Elliot é hedonista e egoísta, Beverly é sisuda e tem empatia até demais por outras pessoas.

Ambas planejam fundar juntas um centro obstétrico para revolucionar a prática, então fecham uma parceria com Rebecca, vivida por Jennifer Ehle, uma bilionária elegantérrima que herdou da família um império farmacêutico. Ela é, em boa medida, responsável pela crise dos opioides nos Estados Unidos.

Quando Beverly se apaixona pela atriz Genevieve, papel de Britne Oldford, o relacionamento das gêmeas é estremecido. Elliot não suporta não ser mais o centro das atenções da irmã. Rebecca e Genevieve causam a disrupção na vida das gêmeas que faz a trama deslanchar. Cada uma, para a surpresa da outra, esconde seus próprios segredos.

"Tem muito drama entre as irmãs", diz Weisz. A atriz, que acompanhou de perto o desenvolvimento dos roteiros, atribui a Alice Birch, criadora da minissérie, o êxito desse quiproquó como um empuxo narrativo.

Birch, dramaturga de 36 anos em alta após ser indicada ao Emmy pelo roteiro de "Normal People", amplia a verve ferina do texto ao senso de humor, algo na linha do que Phoebe Waller-Bridge fez em "Killing Eve" e Emerald Fennell em "Bela Vingança". Os créditos de Birch ainda incluem "Succession", série da HBO, e o filme "O Milagre", com Florence Pugh.

"Algumas semanas antes de as filmagens começarem, eu parei de falar com ela para memorizar minhas falas", afirma Weisz. "Enquanto atriz, não é o meu trabalho conceber o tom da série. Alice foi a responsável por conduzir toda a produção."

Embora a série adapte uma obra célebre, ela tem identidade autônoma. Birch diz que, uma vez já sabendo quem as personagens são, ela as usou como referência para escrever o restante e criar algo seu.

"Eu não havia assistido ao filme antes e ele não se parece com nada que eu já havia visto antes. A relação central [dos gêmeos] demonstrou ter muito potencial dramático e nós quisemos fazer uma série sobre mulheres brilhantes, extraordinárias, engraçadas, complicadas", afirma. "Foi como se nós as tivéssemos seguido para conseguir fazer um thriller sexy, esquisito e sombrio."

Ela descreve como complicado o processo de filmagem, no qual Weisz precisava gravar como uma das irmãs e, em seguida, mudar o cabelo, maquiagem e figurino e rodar a cena assumindo o papel da outra.

"Foi um esforço coletivo, aprendemos muito nas primeiras semanas", diz. O empenho mobilizou também o departamento de efeitos visuais e foi necessária a presença de uma dublê com a qual a atriz pudesse contracenar. Uma adaptação, afinal, não precisa ser gêmea do material de origem.

Gêmeas: Mórbida Semelhança

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