Dirigido por Jennifer Tiexiera e Camilla Hall, "Subject" explora as experiências que mudaram a vida de participantes de documentários famosos, como Margaret Ratliff.
Ela é filha adotiva de Michael Peterson, escritor acusado de matar a mulher em casa que, para provar a própria inocência, permitiu que uma equipe de documentaristas filmasse o cotidiano da família após a acusação. Angustiada e temerosa de que o pai fosse condenado à pena de morte, Ratliff concordou em fazer parte do filme.
Anos mais tarde, "A Escadaria" ganharia especiais em podcasts sobre casos criminais, transmissão na Netflix com novos episódios e uma série homônima baseada no material documental criado por Jean-Xavier de Lestrade.
Com o retorno do caso, a família se viu novamente sob o escrutínio da imprensa e opinião pública. Em "Subject", Ratliff compartilha como a devastadora perda de privacidade e os novos materiais audiovisuais a fizeram reviver a morte da mãe constantemente.
Conversando com estrelas de documentários como "Basquete Blues", de 1995, "A Praça Tahrir", de 2013, e "Os Irmãos Lobo", de 2015, as documentaristas partem para um debate amplo sobre o que significa abrir a própria vida para a observação de estranhos e, especialmente, o que a vida reserva para esses indivíduos após o lançamento do filme.
"Subject" atiça a curiosidade do espectador sobre os documentários abordados e o que os torna tão importantes. A enorme lista de filmes citados na produção dá ao público uma variedade de histórias para explorar após a exibição do documentário.
Com opiniões de diferentes documentaristas, o filme também permite que o espectador aprecie o próprio processo de criação documental, além de refletir sobre as questões morais que envolvem examinar a vida de uma pessoa tão de perto. Além da fama momentânea, o que exatamente esses protagonistas ganham?
O documentário não dá uma resposta clara sobre a questão, mas oferece diferentes histórias e visões das pessoas retratadas. Enquanto algumas sentem que foram exploradas, outros acreditam que os filmes foram importantes para que eles se libertassem do que viviam.
Em casos de histórias criminais, "Subject" mostra como as ramificações dos documentários sobre os casos são mais complexas do que em contos sem crimes.
Mais do que permitir que essas pessoas falem sobre a própria experiência, Tiexiera e Hall querem que os documentaristas, os personagens retratados e o próprio público também reflitam sobre o que vem a seguir —lembrando que, até recentemente, muitos documentários foram feitos por homens brancos, a questão de quem conta a história é discutida e atrelada a quem ganha com a história.
Além de indagar sobre como um documentarista pode observar e exibir a história de um grupo étnico ou racial de que não faz parte, "Subject" também questiona compensações, principalmente financeiras.
Enquanto alguns acreditam que todos devem ser pagos pelo tempo que cedem aos documentaristas — antes ou depois do lançamento do filme—, outros apoiam a visão de que é uma questão de escolha estar em um filme.
Como o gênero geralmente começa com um orçamento baixo e não fatura tanto quanto outros, a elaboração ou não de um documentário esbarraria no dinheiro. Entretanto, com tantos serviços de streaming interessados e angariando assinantes com as produções, financiamento não parece ser um problema.
No fim, "Subject" é um ensaio sobre o exame de consciência do trabalho de documentaristas e dos próprios personagens principais dos filmes, com questionamentos como se as produções devem manter um consultor ou psicólogo nos bastidores para ajudar as pessoas retratadas. Rindo ao dar consentimento para participar do documentário, Ratliff retorna para o ambiente em que provavelmente nunca imaginou que estaria novamente.
"Subject" é um filme sem respostas, mas uma ferramenta de debate na medida em que os documentários se tornam cada vez mais populares, gerando discussões culturais mais amplas sobre as novas figuras que não buscaram necessariamente os holofotes.
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