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Mateus Carrilho une funk, axé e orquestra em disco que faz aceno à Banda Uó

Cantor se inspirou em Caetano Veloso e João Gomes para criar 'Paixão Nacional', disco sensual com ritmos brasileiros

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São Paulo

Mateus Carrilho quer cair na boca do povo. Depois de empilhar singles e na tentativa de ampliar sua projeção para além do pop, ele lança "Paixão Nacional", o primeiro álbum de sua carreira solo, em que tenta misturar gêneros tradicionais do Brasil com ritmos contemporâneos que o acompanham desde a Banda , desmanchada em 2018.

"Quero expandir o espaço em que estou. Entrar em lugares que não acesso, estar em festival e fazer com que minha música chegue para mais pessoas", afirma o cantor, depois de posar com três looks para o ensaio fotográfico que ilustra esta reportagem.

Mateus Carrilho, que lança o disco 'Paixão Nacional'
Mateus Carrilho, que lança o disco 'Paixão Nacional' - Bruno Santos/Folhapress

O cantor quer fugir da motonia das músicas que vinha lançando e apresentar um trabalho que, em suas palavras, traduz melhor quem é Mateus Carrilho. "É um encontro musical muito forte comigo mesmo. As pessoas vão descobrir quem eu sou saboreando este disco."

O álbum começa com uma faixa que mescla instrumentos de uma orquestra gravada ao vivo com batidas de funk e sintetizadores eletrônicos. Em seguida, Carrilho canta sobre sexo, sobrepondo sua voz aos acordes da sinfonia na canção "Sedento".

É um álbum atravessado por sensualidade e brasilidade. "Tô ‘supitando’ de prazer/ deixa eu ser seu parceiro de crime/ me envolver com todo esse swing", ele canta em "Beijar sua Boca", faixa inspirada no axé dos anos 1990. Já em "Menino", Carrilho evoca a MPB, o samba e a bossa nova enquanto narra a história de um romance gay.

Suas inspirações ainda passam pelas discografias dos veteranos Jorge Ben Jor e Caetano Veloso, além do cantor João Gomes, conhecido por popularizar o piseiro.

"Essa ideia de trazer [ritmos] clássicos está relacionada à fase de vida em que estou", afirma. "A maturidade trouxe uma vontade de explorar e conhecer o que é nosso. Me aprofundei e estudei a herança da música brasileira que eu não conhecia para fazer música contemporânea."

Carrilho se lançou como cantor em 2010. Junto de Davi Sabbag e de Mel, formou a Banda Uó, grupo de tecnobrega que ficou famoso por criar letras assumidamente esdrúxulas. "Eu sei que você olha pra mim/ quando me vê dançando feito uma macaca/ toda arregaçada", diz a faixa "Arregaçada". O repertório da banda ainda passeia pelos corpos suados de "Sauna" e pelo romance de "Búzios do Coração".

O disco "Paixão Nacional" faz um aceno à Banda Uó na canção "Coração de Biscate", que resgata o tecnobrega do grupo. Carrilho diz querer atualizar as referências do trio. "Não sou mais aquele jovem de 21 anos que cantava na Banda Uó. Meu novo álbum vem com mais elegância e maturidade, com músicas que fogem daquela coisa engraçada e vão para um lugar mais romântico e poético."

Cantar sobre temas mais densos faz parte também da tentativa de projetar sua música para além do pop e do funk, gêneros em que Carrilho vinha apostando desde que virou um artista solo. Seu nome começou a ser descolado da Banda Uó quando ele participou de "Corpo Sensual", hit de Pabllo Vittar lançado em 2017.

Carrilho lançou mais de dez singles desde aquela época. O videoclipe de "Toma", com a funkeira Tainá Costa, foi o mais bem-sucedido no streaming, tendo ultrapassado a marca de 10 milhões de visualizações, mas ainda distante dos 350 milhões do vídeo da música com Vittar.

"Os fãs estão falando ‘nossa, ele mudou’, mas acho que é no início [da carreira solo] que eu não estava sendo sincero. Rolou a saída da banda, aí ‘Corpo Sensual’, e teve aquela pressão do ‘agora é a hora, aproveita’. Não tive muito tempo para raciocinar. Não tinha nenhum material pronto", relembra.

Mas Carrilho diz estar despreocupado com sucesso comercial. "Não teria feito este disco se pretendesse 'hitar'.Os artistas que mais gosto são os que fazem processos ao contrário do que está acontecendo. Uma das coisas que mais me move desde a Banda Uó é a ideia de frescor e novidade. Quem gostar, gostou, e quem não gostar, não gostou."

Paixão Nacional

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