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Roberta Sá sobrevoa o samba em disco ao vivo, grávida e à vontade

Cantora passeia por clássicos do repertório no Circo Voador, celebrando Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho

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Pérola Mathias

SambaSá – Roberta Sá Ao vivo

  • Quando Disponível nas plataformas de streaming
  • Autoria Roberta Sá
  • Direção Deck

Em setembro de 2022, Roberta Sá apresentou seu show "SambaSá" para um público que lotou o Circo Voador, no Rio de Janeiro. Vestida de brilho da cabeça aos pés e gravidíssima, ela desfiou um repertório de 24 sambas, mesclando composições recentes, clássicas e outras que marcaram sua carreira. O show foi todo gravado, inclusive em vídeo, e resultou no seu terceiro disco ao vivo, o nono da carreira.

Ao longo de uma hora e 22 minutos de registro, a cantora pouco parou para falar com a plateia. Ela já entra no palco cantando e só depois da quarta música é que dá boa noite, apresenta o projeto e deseja uma boa diversão a todos. A partir daí a gravação segue como começou, com uma música seguida da outra praticamente sem pausas, inclusive entre uma faixa e outra.

Roberta Sá em foto do álbum 'SambaSá – Roberta Sá Ao Vivo'
Roberta Sá em foto do álbum 'SambaSá - Roberta Sá Ao Vivo' - Anne Karr/Divulgação

Com direção musical assinada por Alaan Monteiro e direção artística da própria Roberta Sá com Pedro Seiler, a canção escolhida para abertura foi "A Roda", prefigurando o sentido da proposta ali apresentada.

A música é uma recente composição do paulista Deco Romani e do veterano do samba carioca Wanderley Monteiro. Deste último, entrou para o setlist também a quentíssima "Sem Avisar", composição de 2022 que, junto com "A Roda", faz parte do álbum de estúdio que leva o mesmo nome do show, lançado em dezembro. Estas duas músicas, de um total de cinco, se repetem na seleção de faixas do show e do disco.

Dentre os clássicos do samba escolhidos para compor o repertório, estão as composições de Dona Ivone Lara, "Alguém Me Avisou" e "Sorriso Aberto", sucesso na voz de Jovelina Pérola Negra, que a gravou em disco de mesmo nome em 1988.

"Alô Fevereiro", de Sidney Miller, já tinha ficado também conhecida na voz de Roberta Sá depois que ela gravou a faixa no disco "Que Belo Estranho Dia pra se Ter Alegria", de 2007, que rendeu a ela vários prêmios e duas indicações ao Grammy.

Desse mesmo álbum, ela também recupera "Interessa?", de Carvalhinho, e "Samba de um Minuto", de Rodrigo Maranhão. Do primeiro disco, "Braseiro", de 2005, entra no show a música de Lula Queiroga "Ah, Se Eu Vou".

Roberta Sá faz um passeio pelo pagode, interpretando músicas de nomes como Arlindo Cruz e Xande de Pilares. Para apresentar "Nos Braços da Batucada", ela convidou uma das principais vozes do Rio de Janeiro, Áurea Martins, a quem ela chama de voz de veludo.

Roberta Sá e Áurea Martins em show que resultou no disco 'SambaSá – Roberta Sá Ao Vivo'
Roberta Sá e Áurea Martins em show que resultou no disco 'SambaSá – Roberta Sá Ao Vivo' - Anne Karr/Divulgação

Os outros dois pagodes do Grupo Revelação escolhidos são "Trilha do Amor" e "Samba de Arerê", que também foi gravada por Beth Carvalho. E Roberta vai ainda mais longe ao cantar "Domingo", sucesso do Só Pra Contrariar de 1993, período em que a banda mineira liderada por Alexandre Pires era onipresente em rádios e programas de televisão.

Duas músicas clássicas do repertório de Zeca Pagodinho foram incluídas no show. A primeira é o samba de roda "Água da Minha Sede", de Dudu Nobre e Roque Ferreira, que ela já havia gravado no álbum "Quando o Canto é Reza". Lançado em 2010, esse disco é uma homenagem ao compositor baiano nascido no Recôncavo, em que oito das 13 faixas eram composições até então inéditas.

No entanto, ao escolher incluir "Maneiras", composta por Silvio da Silva, o setlist parece ceder à facilidade de incluir uma música que é, ao mesmo tempo, um clássico, mas também uma das mais batidas.

No álbum de estúdio, porém, a escolhida tinha sido "Pago pra Ver", do baiano Nelson Rufino e do mineiro Toninho Geraes, que ela canta junto com o próprio Zeca, uma versão que fez mais jus tanto à totalidade do projeto, quanto à maneira suave e delicada com que a cantora trata o samba.

Ao longo de seus mais de 20 anos de carreira, Roberta Sá conquistou a simpatia e o carinho de grandes nomes da música brasileira, como Gilberto Gil, que lhe entregou diversas canções inéditas para o disco "Giro".

Ela também teve o privilégio de gravar Martinho da Vila com o samba "Amanhã É Sábado", que ela apresentou em 2015 e 2016 no álbum e no show "Delírio". A canção volta a ganhar vida em "SambaSá", que parece encerrar em si um propósito de novidade clássica ao incluir músicas compostas desde a década de 1950 até o ano de seu lançamento.

O samba é o gênero que predominou na carreira de Roberta Sá e é justamente cantando samba que ela entregou suas melhores interpretações e performances. O "SambaSá" é, portanto, um ambiente em que ela se apresenta muito à vontade, sem parecer precisar de esforço.

Ela entra no palco e entrega a naturalidade com a qual lida com o repertório, resplandecendo não só por causa do figurino e das luzes, mas também por estar ali gestando dois filhos de uma vez só.

Erramos: o texto foi alterado

O texto afirmava incorretamente que o disco ao vivo de Roberta Sá tinha duas músicas de estúdio. São cinco ao todo. O álbum "Quando o Canto É Reza" foi lançado em 2010, não em 2020. A música de Martinho da Vila é "Amanhã É Sábado" e não "Amanhã É Domingo".

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