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Como pelúcias de 'Beanie Bubble' criaram bolha e levaram pessoas à falência

Estreia do Apple TV+, com Elizabeth Banks e Sarah Snook, retrata fenômeno de brinquedos que marcou os anos 1990

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São Paulo

Em meio à onda cor-de-rosa provocada pelo lançamento de "Barbie", outro brinquedo americano resolveu sair das prateleiras rumo às telas nesta semana. Apesar de hoje serem menos populares, as pelúcias Beanie Babies chegaram a rivalizar com a boneca loira nos anos 1990, conquistando espaço privilegiado nos quartos das crianças.

Elizabeth Banks e Zach Galifianakis em cena do filme "The Beanie Bubble", do Apple TV+
Elizabeth Banks e Zach Galifianakis em cena do filme 'The Beanie Bubble', do Apple TV+ - Divulgação

Não só. Os adultos, também, embarcaram na febre mundial que os bichinhos causaram. É na espécie de surto coletivo gerado por eles que "The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias" está interessado.

Diferentemente de "Barbie", o longa dirigido por Kristin Gore e Damian Kulash prefere ir aos bastidores da criação do brinquedo em vez de dar vida a ele. Não que ele não compartilhe com o filme da Mattel certa afetação, mas, por se tratar de uma história verídica, tudo é mais comedido.

Ou ao menos tão comedido quanto a excentricidade do protagonista Ty Warner permite. Na trama, o fabricante de brinquedos é vivido por Zach Galifianakis, em figurinos que tampouco poupam o cor-de-rosa e outros tons espalhafatosos. Mas não se deixe enganar pelo estilo infantilizado e o jeito bobalhão do personagem –ele, na verdade, é uma espécie de vilão.

"The Beanie Bubble" conta sua história de ascensão e queda –ou o mais próximo dela que um bilionário americano consegue chegar– a partir de sua relação com três mulheres, retratada originalmente no livro "The Great Beanie Baby Bubble: Mass Delusion and the Dark Side of Cute", de Zac Bissonnette, sem tradução para o português.

Verdadeiras protagonistas da história, a sócia Robbie, a estagiária Maya e a mulher Sheila conseguiram emplacar o nome de Ty entre as maiores fabricantes de brinquedos dos Estados Unidos, apesar de seus delírios de grandeza, do ego incontrolável e da pouca aptidão para os negócios.

Vivida por Elizabeth Banks, a primeira conhece o mercado como ninguém. Interpretada por Geraldine Viswanathan, a segunda entende o potencial da recém-chegada internet. Já a terceira, papel de Sarah Snook, estimula a criatividade das filhas, que logo criam designs para novos animaizinhos.

"Em meio a essa onda de filmes sobre marcas, o nosso é como um cavalo de Troia. Nós não queríamos que ele fosse sobre o produto, mas sobre os azarões dessa história. O fato de ‘The Beanie Bubble’ estar saindo em meio a essa tendência de nostalgia é só uma feliz coincidência", diz Kristin Gore, que também adaptou o livro.

Ao contrário de "Barbie", parcialmente bancado pela própria Mattel, ou de "Transformers", que tem o dedo da Hasbro, "The Beanie Bubble" não pôde nem usar as pelúcias originais da fabricante Ty. Seu departamento de direção de arte precisou recriar os bichinhos, com o desafio de deixar todos reconhecíveis para o público, mas não a ponto de atrair ações na Justiça. É com tons pútridos, afinal, que a Ty é pintada em cena.

Foi uma sacada genial a de Ty Warner, reconhece Elizabeth Banks ao falar da ideia do fundador de pôr menos enchimento dentro de bichinhos de pelúcia, para que as crianças pudessem brincar com suas poses, e de fugir das cores padrões da natureza, permitindo que gatos fossem azuis e ursos fossem roxos.

"Mas esse fenômeno vai além de uma questão de mercado, ele fala de uma questão sociológica, mais densa. Essa história é sobre pessoas buscando um senso de pertencimento, um valor, uma comunidade", complementa ela, citando os clubes e publicações de fãs que surgiram na esteira dos ursinhos coloridos.

As entrevistas para promover "The Beanie Bubble" ocorreram antes da greve de atores de Hollywood, que impede seus filiados, como Banks, de divulgar filmes e séries.

Como a capacidade de produção da Ty era limitada, os animais logo eram descontinuados para dar espaço a novas invenções, elevando o preço de várias edições e as transformando em raridades no mercado paralelo. Assim, os consumidores começaram a criar redes de apoio para poder comprar e vender os itens.

Dos US$ 5 cobrados originalmente por cada pelúcia, elas podiam valer, em poucos meses, US$ 2.500, graças, em parte, ao buzz gerado pela plataforma de leilão online Ebay. No fim dos anos 1990, antes de a bolha especulativa do título em inglês estourar, havia gente acumulando Beanie Babies para mais tarde bancar a faculdade dos filhos ou a própria aposentadoria.

É um fenômeno que lembra a mania das tulipas, que tomou o mercado de flores de assalto no século 17. Um curta estudantil do curso de cinema da Universidade de Arizona, nos Estados Unidos, disponível no YouTube, registra bem o absurdo da situação ao narrar a história de uma família que foi à falência graças aos bichinhos, aparentemente inofensivos.

"Hoje em dia, tudo é registrado porque todos têm câmeras. Naquela época, não. Então existe um fator Willy Wonka em relação à origem desses brinquedos, um fascínio sobrenatural para entender como esse fenômeno se deu", resume Zach Galifianakis.

The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias

  • Onde Estreia nesta sexta (28), no Apple TV+
  • Classificação Não informada
  • Elenco Elizabeth Banks, Sarah Snook e Zach Galifianakis
  • Produção EUA, 2023
  • Direção Kristin Gore e Damian Kulash
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