O líder indígena Ailton Krenak decidiu se candidatar a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, para a qual deve ser eleito com facilidade.
O autor de "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", "A Vida Não É Útil" e "Futuro Ancestral" pleiteará a cadeira número 5, aberta pela morte do historiador José Murilo de Carvalho no último domingo.
Caso a eleição se confirme, ele será a primeira liderança indígena a ocupar uma cadeira na academia centenária.
A sessão da saudade, ritual tradicional para se despedir do acadêmico morto e declarar a vaga aberta, aconteceu na tarde desta quinta na sede da ABL. Em seguida, as candidaturas poderiam ser submetidas. A escolha do novo imortal acontece daqui a 45 dias e as inscrições serão recebidas nas próximas duas semanas.
Em mensagem à Folha na tarde da quinta, Krenak reiterou que a despedida oficial de Carvalho ainda não tinha acontecido e que, respeitando os trâmites, esperaria a vaga estar oficialmente aberta. "Decidi apresentar meu nome à ABL amanhã", afirmou.
A Academia de fato recebeu, na manhã da sexta, duas candidaturas à vaga de José Murilo de Carvalho: a de Krenak e a da historiadora carioca Mary del Priore, também prestigiada entre os acadêmicos, mas cuja eleição conta hoje com apoio menor.
Há dois anos, o escritor indígena Daniel Munduruku pleiteou uma vaga na Academia e foi derrotado pelo médico Paulo Niemeyer Filho, eleito em seu lugar para a cadeira deixada pelo crítico literário Alfredo Bosi.
A candidatura de Munduruku foi defendida por abaixo-assinados e encampada por celebridades e movimentos sociais, por seu caráter histórico. Daquela vez, não adiantou.
Agora, a pressão para a eleição de Krenak vem de dentro da Academia, com boa parte dos imortais já entrando em consenso em torno de seu nome.
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