Descrição de chapéu
The Town

Entenda a receita de sucesso do Maroon 5, que toca no The Town

Banda retorna ao país depois de apresentações bem-sucedidas no Rock in Rio e ancorada na popularidade de Adam Levine

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Leonardo Lichote

Jornalista e crítico musical

Rio de Janeiro

O caminho que levou o Maroon 5 até seu respeitável posto no cenário mundial do pop rock começou antes do Maroon 5. Adam Levine, Jesse Carmichael, Mickey Madden e Ryan Dusick ainda estavam no ensino médio quando criaram, em 1994, a Kara’s Flowers, embrião do que viria a ser a banda, que hoje tem 57 milhões de ouvintes mensais no Spotify, três estatuetas do Grammy e cerca de 135 milhões de discos vendidos.

Adam Levine of Maroon 5 performs at halftime during Super Bowl LIII between the New England Patriots and the Los Angeles Rams at Mercedes-Benz Stadium in Atlanta, Feb. 3, 2019. (Doug Mills/The New York Times)
Adam Levine, vocalista do Maroon 5, em show em Atlanta - Doug Mills/The New York Times

Depois de lançar um álbum independente e outro pelo selo Reprise Records, ambos recebidos sem empolgação, a Kara’s Flowers se dissolveu. Mas o fracasso da banda abriu caminho para que, em 2001, os amigos se reunissem, com o reforço do guitarrista James Valentine e uma proposta de apelo mais certeiro.

Em 2002, "Songs About Jane", álbum de estreia do Maroon 5, chegou apresentando hits como "This Love", "She Will Be Loved" e "Harder to Breathe", canções que até hoje fazem parte dos shows.

As três estão previstas para a apresentação no The Town, que marca a nona vinda da banda ao Brasil —a primeira, em 2002, teve apenas pocket shows e entrevistas na TV.

O sucesso não tinha muitos segredos —punch rock o suficiente para dar peso sem endurecer o molejo funk, baladas consistentes e boas melodias. "Songs About Jane" cresceu ao longo dos anos e sustentou o repertório da banda na estrada até 2007. Foi quando eles lançaram "It Won’t be Soon Before Long", com o novo baterista, Matt Flynn.

Sem abandonar suas características, a banda seguiu no disco uma sonoridade mais electro-funk e algo retrô. Na época, citou referências como Prince, Michael Jackson, Kanye West, Alicia Keys e Talking Heads. Em 2008, vieram ao Brasil mostrar o disco.

"Hands All Over", de 2010, teve uma recepção menos calorosa por parte da crítica, além de ter vendido menos do que seus antecessores. Mas a história do álbum mudou quando ele foi relançado em 2011, com a inclusão de "Moves Like Jagger", gravada com Christina Aguilera.

A inspiração de Levine, um dos autores da canção, foi evidentemente a maneira como Mick Jagger dança no palco. "Só Jagger tem os movimentos de Jagger. Não acredito que alguém vá dizer que tem os movimentos de James Brown, ou de Michael Jackson, ou que se mexe como Prince", disse o cantor na época do lançamento.

"Há algo no jeito como Jagger se move que é também unicamente próprio e difícil de imitar, mas ao mesmo tempo é acessível, bobo e divertido, além de não se levar tão a sério."

O próprio vocalista dos Rolling Stones chegou a colaborar com a banda para o clipe da música, fornecendo filmagens de suas performances.

Em 2012, a banda lançou "Overexposed", com uma sonoridade mais pop. Carmichael, que se afastou da banda temporariamente, foi substituído pelo tecladista PJ Morton. Com a volta de Carmichael no disco seguinte, Morton se manteve na formação, que em 2016 ganharia ainda outro reforço, quando o guitarrista Sam Farrar foi oficializado como membro.

"V", quinto álbum do Maroon 5, foi lançado em 2014, com hits como "Sugar" e "Maps". Tratado pela banda e pela crítica como uma espécie de retorno aos tempos de "Songs About Jane", o disco chegou aos palcos brasileiros em 2016, com a turnê "Maroon 5 On the Road".

Em 2018, a banda voltou à cena com "Red Pill Blues", num título que brinca com a referência às pílulas de "Matrix". Dialogando com sonoridades contemporâneas e eletrônicas, o disco tem participações de artistas como Kendrick Lamar, SZA e Future.

"Jordi", de 2021, é o álbum mais recente da banda, que teve recepção mais fria do que seus antecessores. Parte da crítica apontou falta de personalidade e vigor, dizendo que o disco tem seus melhores momentos em participações como as de Megan Thee Stallion e Bantu.

O grupo sofreu também com o afastamento de Madden, o baixista, que foi preso há cerca de três anos acusado de violência doméstica, num caso posteriormente arquivado sem condenação. Ainda assim, "Jordi" ficou entre os dez álbuns mais tocados dos Estados Unidos, segundo a Billboard.

A falta de aclamação não tirou o Maroon 5 da altíssima posição que a banda sustenta no pop rock mundial, como atesta a popularidade dos hits e do carismático Levine.

É apoiado nessa popularidade que o vocalista e seus parceiros chegam ao The Town, para uma apresentação no palco principal. Eles devem cantar sucessos de diferentes momentos de seus mais de 20 anos de carreira, além de covers de artistas como Prince e Bee Gees, a julgar por seus últimos shows.

O último lançamento do grupo, o single "Middle Ground", que chegou este ano, não é presença certa no show, mas pode-se esperar agrados como "Garota de Ipanema", que o grupo já cantou no Brasil.

O Maroon 5 é, portanto, uma aposta sem riscos para o festival, como mostraram as passagens anteriores da banda pelo Brasil, inclusive no Rock in Rio, irmão do The Town, que os recebeu em 2011 e 2017.

Maroon 5 no The Town

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.