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Teté Ribeiro

'Only Murders in the Building' volta deliciosa com Meryl Streep

Steve Martin, protagonista ao lado de Martin Short e Selena Gomez, por sorte voltou atrás em sua aposentadoria da série

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São Paulo

Estrearam nesta terça, dia 8, no canal de streaming Star+, os dois primeiros episódios da terceira temporada da série "Only Murders in the Building", que, em tradução livre, se chamaria "Apenas Assassinatos no Prédio". O nome é tão estapafúrdio quanto a premissa, e o canal de streaming fez bem em não substituir o título, a confusão é, mesmo em inglês, proposital.

Para quem nunca assistiu: um ex-diretor de teatro que não consegue trabalho há anos, papel de Martin Short, um ator que teve sucesso na TV muito tempo atrás, papel de Steve Martin, e uma menina perdida e depressiva, mas muito inteligente, papel de Selena Gomez, se unem quando um morador do prédio em que os três moram é assassinado. Durante a investigação, decidem fazer um podcast de true crime, que vira um hit.

Cena da série 'Only Murders in the Building'
Cena da série 'Only Murders in the Building' - Divulgação

Desvendam o mistério, ficam famosos e resolvem continuar o trabalho, mas só com assassinatos cometidos no prédio em que os três moram, um edifício enorme de Manhattan construído no começo do século passado, estilo Dakota Building, o prédio onde morava —e na porta do qual foi assassinado— John Lennon, na frente do Central Park, em 1980.

O que faz da série algo a ser destacado no lamaçal das mil novidades que surgem nos diversos canais de streaming todos os dias é que "Only Murders in the Building" é muito bem escrita, bem dirigida, tem piadas ótimas e a parte dramática, que também é bem construída, não entra no caminho da diversão. Ou seja, os personagens estão de fato vivendo um drama, são três amigos perdidos tentando desvendar um assassinato sem o menor traquejo para isso, e fazendo um podcast, também sem o menor preparo.

Mas as situações, as falas, os comentários que uns fazem sobre os outros, os personagens coadjuvantes, as tramas particulares de cada um dos três, tudo isso é mostrado do jeito que as boas histórias são mostradas. Com diálogos incríveis, engraçados e bem colocados, ninguém faz graça por fazer, tudo se encaixa nas cenas, os atores são ultratalentosos e a química entre eles é rara de se ver por aí.

A terceira temporada estreia apresentando uma das novas personagens: uma menininha que se encanta cedo pelo teatro e decide dedicar a vida a isso. Passa a ter aulas de canto, de dança, de atuação e, quando vira adulta, começa a fazer teste atrás de teste, e é rejeitada para todos os papeis a que se candidata. Nunca é descoberta como o grande talento que imaginava ser. Até que, com mais de 70 anos, faz uma leitura para o papel de uma babá na peça da Broadway que o personagem de Martin Short, o diretor Oliver Putman, vai dirigir. E ele, finalmente, percebe o talento daquela atriz, interpretada por Meryl Streep.

Mas, na noite de estreia, seu ator principal, um famoso de Hollywood, vivido por Paul Rudd, que chega ao teatro com assistente, equipe de documentário e muita frescura para liderar o elenco, cai morto em cena. E, por mais suspeita que a morte pareça, ela não acontece no prédio, portanto não poderia servir como plot de mais uma temporada do podcast produzido pelo trio principal.

Fora isso, o apartamento da tia de Mabel Mora, personagem de Selena Gomez, onde ela vive temporariamente, foi vendido, e ela tem só mais quatro semanas como moradora do prédio. Charles-Haden Savage, o ator interpretado por Steve Martin, também confessa para a namorada, que encontra no que seria a festa da estreia que acaba se transformando em uma despedida de elenco, que não estava com a menor vontade de fazer seis sessões semanais de uma peça na Broadway.

Oliver Putman, o diretor, não quer largar o osso de maneira nenhuma e tenta convencer os produtores da peça —uma mãe e filho com um relacionamento bem doentio, que se beijam de língua— a não a tirar de cartaz "só" por causa da morte do protagonista. O estresse que ele passa é tão intenso que ele sofre um mini ataque do coração, e recebe ordens médicas de não abusar ou corre risco de vida.

Mas estamos falando de "Only Murders in the Building", uma comédia. Dramédia, vai, para ser mais precisa (se é que "dramédia", mistura de drama e comédia, já é um termo dicionarizado). A ideia aqui é se envolver com uma trama de suspense como fio condutor de uma história cômica, com personagens divertidos, interessantes, excêntricos. Feita por gente que, acredito, também deve ter essas mesmas qualidades. E, mais importante ainda, sabe que essas são as qualidades das pessoas a que mais valem a pena assistir.

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