A mostra "Toda Vez que se Fura uma Obra, Muitas Outras Surgem", inaugurada em 4 de agosto, formulada para lembrar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, deixará o Museu do Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira, dia 15, antes da data prevista, dizem as curadoras Lilia Schwarcz e Fabiana Schneider.
A exposição, que ficaria em cartaz até 29 de setembro, teria passado por uma repentina alteração na programação, apenas cinco dias após seu início. A dupla afirma que, em resposta à alteração, a mostra será realocada para o Centro Cultural da Escola Superior do Ministério Público da União, a ESMPU.
"O local selecionado, o Museu do STF, tinha claro caráter simbólico, uma vez que a sede do Supremo foi atacada naquela data", escreveram as duas em nota. "A presidência do STF decidiu encerrar abruptamente, e sem maiores explicações, a exposição no dia 15 de agosto, apenas cinco dias após a sua abertura."
Procurado pela reportagem, o Museu do STF, no entanto, diz que o encerramento da mostra a partir desta terça já estava previsto no acordo firmado entre o órgão e a Associação Nacional dos Procuradores da República, que a concebeu.
A impossibilidade de manter "Toda Vez que se Fura uma Obra, Muitas Outras Surgem" aberta teria sido comunicada antes da montagem da exposição, devido a um evento institucional marcado para o dia 16 de agosto no mesmo espaço.
Veja a íntegra das notas de Lilia Schwarcz e Fabiana Schneider e, em seguida, do STF:
No dia 4 de agosto inauguramos no Museu do STF, com grande presença do público, de artistas e a participação do ministro Luís Roberto Barroso, a exposição "Toda Vez que se Fura uma Obra Muitas Outras Surgem". Como apresenta o título, a mostra, composta por 16 artistas escolhidos a partir de muitas regiões do país, várias opções de gênero e sexo, raças e geração, pretendia justamente lembrar a data do 8 de janeiro como um momento em que a nossa democracia esteve em perigo, mas saiu ainda mais fortalecida.
O local selecionado, o Museu do STF, tinha claro caráter simbólico, uma vez que a sede do Supremo foi atacada naquela data.
No entanto, diferente da programação inicial, que indicava que a exposição ficaria aberta até 29 de setembro, a presidência do STF decidiu encerrar abruptamente, e sem maiores explicações, a exposição no dia 15 de agosto, apenas cinco dias após a sua abertura.
Em função dessa mudança de orientação por parte da presidência do STF, e em sinal de respeito aos artistas e galeristas que generosamente ajudaram nessa exposição realizada de maneira totalmente voluntária e cidadã, as curadoras Lilia Schwarcz e Fabiana Schneider foram acolhidas e resolveram mudar o lugar da exposição para o Centro Cultural da Escola Superior do Ministério Público da União também em Brasília.
Como a exposição tem como utopia pensar e exaltar a democracia e a inclusão social, o Museu do STF se mostrara como um espaço simbólico e ideal. Não sendo mais possível realizar no local inicial, e conforme programado, mas acolhendo o convite do Centro Cultural da Escola do Ministério Público, as curadoras vêm a público comunicar, pois, a mudança de endereço e assegurar que, fiéis à ideia inicial, manteremos a exposição aberta até 29 de setembro de 2023, na capital do Brasil.
O Centro Cultural da ESMPU é um lugar vocacionado para acolher a exposição pois sabemos que só com educação e cultura é possível transformar mentalidades, inclusive, dentro das instituições. A partir de 22 de agosto de 2023, a exposição "Toda Vez que se Fura uma Obra, Muitas Outras Surgem" estará aberta ao público no espaço da ESMPU com visitação diária de 12h às 19h, até o dia 29 de setembro de 2023.
Não houve expulsão e nem encerramento abrupto da exposição. Conforme tratativa feita com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), realizadora da exposição, antes mesmo da instalação e da montagem, houve um acerto entre STF e ANPR para abertura da exposição em 9 de agosto e retirada no dia 15 de agosto, em razão de evento institucional de reinauguração a ser realizado em 16 de agosto. Como a exposição da ANPR alteraria parte de conteúdos institucionais relevantes, foi necessária a retirada para a reinauguração do Museu.
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