Bienal do Livro do Rio tem editoras projetando vendas recordes e dias históricos

Record e Rocco tiveram maior faturamento da história no sábado; outras relatam ter ganhado dobro da edição passada

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Rio de Janeiro

A Bienal do Livro do Rio de Janeiro se desenha como um sucesso superlativo de vendas para as editoras. Casas de grande porte como Record e Rocco afirmam ter contabilizado, neste sábado, o melhor dia de faturamento de sua história em bienais, contando a carioca e a paulista, e o número possivelmente seria superado neste domingo.

livraria cheia na bienal do livro com pessoas abarrotadas em estande manuseando livros
Público durante o segundo dia da Bienal do Livro, no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

A expectativa do evento é receber mais de 600 mil visitantes ao longo da programação, que começou na última sexta e vai até o próximo domingo. A organização da Bienal, parceria do Sindicato Nacional de Editores de Livros e da GL Events, ainda não reuniu dados de visitação e vendas, mas todas as editoras ouvidas pela reportagem relatam crescimento expressivo em comparação a eventos passados.

A Companhia das Letras, maior grupo editorial do país, afirma que "já ultrapassou, em muito, as vendas do primeiro fim de semana da última Bienal do Livro do Rio", se referindo à edição de 2019 —a editora não esteve no evento de dois anos atrás por precaução contra uma pandemia que já tinha amainado, mas ainda era motivo de preocupação.

A Intrínseca e a Sextante, que inclui a editora Arqueiro, contam ter vendido o dobro do primeiro fim de semana da última Bienal carioca —há que se ponderar que aquele foi um evento de porte mais constrito, com cuidados sanitários envolvendo a participação de leitores e editoras. A HarperCollins teve o dobro de vendas neste final de semana em relação ao primeiro da Bienal de São Paulo, que aconteceu em julho do ano passado.

Os relatos positivos se repetem em outras editoras, como Todavia e Ediouro, que ainda não consolidaram números parciais, mas comentam as vendas dos últimos dias em tom de comemoração.

São sinalizações animadoras, mas matizadas, é claro, pelo fato de que ainda falta mais de uma semana para o final do evento, quando se conhecerá o verdadeiro balanço geral de faturamento.

E há quem esteja começando agora sua história na Bienal, como a Malê, que abriu um estande no evento pela primeira vez. A casa especializada em literatura negra diz ter vendido mais de mil livros em dois dias, números significativos para uma editora independente que teve entre os campeões de vendas "Insubmissas Lágrimas de Mulheres", de Conceição Evaristo, e os infantis "Princesas Negras" e "Beata: A Menina das Águas".

No geral, os títulos infantojuvenis e young adult fazem a festa na Bienal, um evento cujo público é impulsionado por famílias, grupos escolares e fãs ardorosos de literatura pop. Oito dos dez livros mais comprados na Companhia foram do selo jovem Seguinte, com Alice Oseman, de "Heartstopper", no topo do pódio.

É um padrão que se repete em todas as editoras que se voltam a esse público. A Galera, selo jovem que hoje puxa o faturamento da Record, é responsável por cinco dos dez livros mais vendidos do grupo na Bienal, que também impulsionou autoras como Carla Madeira e Ana Maria Gonçalves, destaques da programação.

É a editora que publica duas das autoras estrangeiras mais populares da escalação deste ano, Holly Black e Cassandra Clare, que se apresentaram neste domingo atraindo multidões de jovens fissurados por sua literatura fantástica.

No sábado, a reportagem conversou com Bianca e Luana, mãe e filha que vieram de Santa Catarina só para ver a cabeleira azul de Black. Estavam preocupadas porque a fila dos autógrafos para conhecer a autora, no dia seguinte, começaria ainda enquanto ela estava falando no palco principal, às 11h. Decidiram, bravamente, se dividir na tarefa.

É uma evidência representativa de como a presença de escritores na Bienal pode se parecer com a vinda de popstars de peso —com direito ao clássico e impaciente cântico da criançada, "fulano, cadê você, eu vim aqui só para te ver". Muitos vieram mesmo.

A Arqueiro organizou, para a vinda de sua best-seller Julia Quinn, um baile de época com atores que valsaram de fraque e vestido longo em meio ao calor do pavilhão carioca.

A dança começaria às sete da noite, mas às sete da manhã já havia pessoas plantadas na porta do Riocentro, várias delas a caráter, para esperar a criadora do fenômeno "Bridgerton", série de livros que chegou à casa dos milhões de exemplares vendidos e virou um dos programas mais populares da Netflix.

A fila varou a tarde toda com um público inquieto e alvoroçado, brigando contra supostos furões e suando dentro das mais variadas rendas. O estouro da manada, entre alívio e frisson, foi só no começo da noite.

Mauricio de Sousa também causou furor na mesa de abertura, não importa que o quadrinista de 87 anos, que influenciou gerações de leitores, seja figurinha carimbada em evento desse tipo —mesmo assim cativou pais, mães e crianças que não poupavam a goela berrando "Mauricio" enquanto usavam orelhas de coelho azul. Bienal é assim mesmo.

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