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Herdeiros de Eça de Queiroz brigam para decidir destino dos restos mortais do autor

Escritor receberia homenagem do governo português, mas bisnetos foram contra mudança de seu local de sepultamento

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São Paulo

Divergências entre os herdeiros do escritor Eça de Queiroz devem impedir que os restos mortais do escritor sejam transferidos para o Panteão Nacional de Lisboa, onde repousam outros nomes ilustres de Portugal. A transferência estava inicialmente prevista para esta quarta-feira, dia 27.

O escritor português Eça de Queiroz - Reprodução

Autor de clássicos como "Os Maias", "O Crime do Padre Amaro" e "O Primo Basílio", Eça de Queiroz morreu em 1900, aos 54 anos, na França. Sem ter deixado instruções para seu sepultamento, o escritor acabou indo para o túmulo da família de sua mulher.

Em 1989, ele foi encaminhado para o jazigo de sua própria família, em Santa Cruz do Douro, no norte de Portugal, região que inspirou uma de suas principais obras, "A Cidade e as Serras". É onde Eça de Queiroz repousa hoje.

Ao todo, o escritor tem 22 bisnetos. Seis deles são contra a mudança e argumentam que, além de a região onde seu corpo está ter sido querida ao português, o Panteão é um local pouco visitado, e que não gostariam de ver o parente sepultado ao lado de "um jogador de futebol, uma fadista e um militante antifascista que não fez nada para ao país além de ter sido assassinado".

Publicada pelo jornal espanhol El País, a fala do bisneto José Maria Eça de Queiroz faz referência à fadista Amália Rodrigues, ao jogador Eusébio e ao militar Humberto Delgado, que tentou derrubar a ditadura salazarista e acabou morto pela polícia política do regime em 1965.

Um movimento popular em Santa Cruz do Douro também se opõe à decisão do legislativo português, tomada em 2021, de autorizar a transferência dos restos mortais para o Panteão, apesar de autoridades locais afirmarem que ela não prejudicará o turismo local.

Apesar de a votação ter ocorrido há mais de dois anos, só na semana passada seus herdeiros se manifestaram contra. Outros três disseram estar indiferentes à situação e 13 são favoráveis. Justamente por isso, uma decisão judicial derrubou o veto dos bisnetos que eram contra a mudança.

Uma nova data para a transferência dos restos mortais deve ser marcada em breve.

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